Depois de visita oficial a Portugal, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e comitiva chegam ainda nesta terça-feira (25) à Espanha, o terceiro maior investidor direto no Brasil. Com o governo luso, o presidente Lula celebrou 15 acordos comerciais e, na Espanha, o foco será destravar um acordo de livre comércio entre a União Europeia e o Mercosul. Se for bem-sucedida a empreitada de Lula, será o maior tratado desse tipo no mundo, em um PIB (Produto Interno Bruto) combinado de US$ 20 trilhões, e com excelentes benefícios para o Brasil em particular.
De acordo com reportagem do jornal O Globo, a Espanha, cujos investimentos no Brasil foram da ordem de US$ 50,5 bilhões em 2021, conforme dados da ApexBrasil, deve assumir, em julho deste ano, a presidência do Conselho da União Europeia.
Para especialistas consultados pela reportagem, com a Espanha à frente do conselho, aumentam as chances de o tratado entre os dois blocos ser finalmente selado, o que será um excelente negócio para o Brasil, uma vez que, na esteira do acordo, o comércio entre os dois países deve ser amplificado.
O acordo foi anunciado em 2019, mas ficou travado devido à política ambiental adotada ao longo do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), com aumento do desmatamento, focos de incêndio na Amazônia e relaxamento de regras ambientais.
A Espanha quer que o acordo contenha regras claras para garantir o compromisso das partes com o desenvolvimento sustentável. Agora, a expectativa é que o acordo seja celebrado até o fim deste ano, contendo essas regras.
Ao selar acordos na Espanha, presidente Lula deve gerar oportunidades para diversos setores da economia brasileira
O acordo Mercosul-UE englobará 32 países, 780 milhões de pessoas e deve incrementar os negócios entre Espanha e Brasil, proporcionando diversificação da pauta de exportações brasileira, que atualmente está concentrada em matérias-primas como soja, milho, café, minério de ferro. Um levantamento feito pela ApexBrasil identificou oportunidades de negócios para os setores de serviços, economia criativa, saúde, tecnologia e alimentos.
Segundo o jornal O Globo, em 2022, as exportações brasileiras para a Espanha cresceram 79%, chegando a US$ 9,4 bilhões ante US$ 5,4 bilhões em 2021.
Dados da Apex mostram que, em 2019, o investimento espanhol no Brasil alcançou US$ 81,4 bilhões, mas diminuiu em 2020 e 2021, possivelmente por conta da pandemia. Os números de 2022 ainda não foram divulgados, mas houve um grande volume de investimentos, segundo a agência.
Ao O Globo, Francisco Orjales, diretor da Expotrade, órgão colaborador oficial da Câmara de Comércio e Serviço de Madri no Brasil, disse que as autoridades espanholas, em encontros promovidos com empresários dos dois países, “se comprometeram ao máximo possível em avançar com o acordo UE/Mercosul”.
Orjales disse à reportagem que, além do setor financeiro e de infraestrutura, a Espanha tem interesse em investir no Brasil em áreas como tecnologia, serviços e alimentos.
Entre os grandes negócios dos espanhóis no Brasil estão o banco Santander, terceiro maior banco privado no Brasil; a seguradora Mapfre, que é sócia do Banco do Brasil na oferta de seguros; a petroleira Repsol; a operadora aeroportuária Aena, que ganhou recentemente a concessão do aeroporto de Congonhas, em São Paulo; o conglomerado Acciona, que está no Brasil há 25 anos e atualmente é o responsável pelas obras da Linha 6-Laranja do metrô de São Paulo, por exemplo.
Redação ICL Economia
Com informações de O Globo