O cenário para as negociações coletivas continua mostrando tendência de melhora, segundo dados divulgados nesta terça-feira (21) pelo Dieese. De um total de 1.184 acordos analisados neste ano, até o último dia 9, tiveram reajustes salariais de 73,6%. Ou seja, reajustes salariais acima da inflação (medida pelo INPC-IBGE, usado como referência na área trabalhista).
Além disso, 19,3% dos acordos resultaram em reajuste equivalente à variação do INPC em 12 meses. E 7,1% ficaram abaixo da inflação. Até agora, a média das negociações é de 0,88% acima do índice oficial.
“O quadro que começa a ser desenhado para 2023 mostra predominância dos reajustes salariais acima da inflação, em forte contraste com o ocorrido em anos anteriores”, afirma o Dieese em boletim. Contribui para isso a diminuição da taxa de inflação nos últimos meses. De maio a julho do ano passado, por exemplo, era necessário um reajuste em torno de 12% para repor perdas. Enquanto para categorias com data-base neste mês é preciso 5,47%.
Para economistas do ICL, política de ganho real do salário mínimo contribuiu para melhora dos reajustes salariais
Para os economistas do ICL, Deborah Magagna e André Campedelli, a política de ganho real do salário mínimo junto com o reajuste menor para se obter ganhos reais foram os dois itens que auxiliaram a este cenário mais favorável a classe trabalhadora neste momento.
“Com a queda da inflação no acumulado em 12 meses, houve queda no reajuste necessário para obtenção de ganhos reais de renda. Neste mês para que a negociação fosse considerada um sucesso, ou seja, acima da inflação, foi preciso um reajuste acima de 5,47%, frente a um valor de 5,71% em janeiro”, explicam os economistas do ICL.
Apenas em fevereiro, de 149 acordos analisados 69% tiveram ganho real. Foram 23,5% com reajustes equivalentes ao INPC e 7,4% abaixo. De acordo com o Dieese, o resultado do mês passado foi semelhante ao das duas datas-base anteriores.
Entre os setores, nos primeiros dois meses de 2023 a indústria teve 76,9% de acordos com aumento real. Já os serviços ficaram com 74%. No comércio, foram 56%.
O valor médio dos pisos salariais nos instrumentos coletivos deste ano tá em R$ 1.485,51. Fica 14,1% acima do salário mínimo.
“A melhora das condições da classe trabalhadora, com redução do reajuste necessário para se obter ganhos de salário real e o aumento do salário mínimo em termos reais fez com que o sucesso das negociações salariais aumentasse consideravelmente. Temos um sucesso neste ano acima de 70%, ainda que longe dos melhores momentos que existiam até 2014, bastante acima do registrado nos últimos anos. Esse aumento do poder de barganha da classe trabalhadora é um bom sinal, podendo aumentar o nível de consumo e trabalhar para aumentar o ritmo da atividade econômica neste ano”, afirmam Magagna e Campedelli.
Redação ICL Economia
Com informações da Rede Brasil Atual e Boletim Economia Para Todos