Em março, 74,1% dos 290 reajustes salariais analisados pelo DIEESE resultaram em ganhos acima da inflação

A alta do salário mínimo, em termos reais, melhorou as condições de reajustes salariais. Também colaborou para o aumento a nova queda da inflação acumulada em 12 meses
2 de maio de 2023

Em março, 74,1% dos 290 reajustes salariais analisados pelo DIEESE resultaram em ganhos acima da inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (INPC-IBGE). Resultados iguais a esse índice foram observados em 21,4% dos casos e abaixo dele, em apenas 4,5%.  No final do ano passado, apenas  45,7% dos reajustes salariais ficaram acima da inflação.

“Isso fez com que o acumulado do ano chegasse a um total de 71,6% das negociações de 2023, resultando em reajustes salariais acima da inflação, com somente 8,3% dos reajustes gerando reajuste salarial abaixo da inflação e 20,1% dos reajustes resultando em reajuste igual à inflação”, explicaram os economistas do ICL Deborah Magagna e André Campedelli, no Economia Para Todos – Boletim Diário de Notícias Econômicas e Atualização do Mercado.

A alta do salário mínimo em termos reais melhorou as condições de negociação salarial junto a queda do reajuste necessário para recompor o salário.

Com o grande sucesso das negociações salariais, houve um novo aumento na renda média do trabalhador no mês de março, de 0,91% se comparada ao mês anterior. Desde setembro de 2022, uma alta da renda passou a ocorrer, após meses de grandes perdas salariais registradas. 

A nova queda da inflação acumulada em 12 meses fez com que o processo de queda do reajuste necessário para obtenção de ganho salarial caísse novamente. Agora o salário precisa ser reajustado em 4,36% ante um aumento necessário de 5,47% no último mês. Com essa queda e um salário mínimo com ganho real, ficou mais fácil para o trabalhador brasileiro conseguir um reajuste acima da inflação, já que o custo para as empresas em fornecer o reajuste reduziu.

O melhor cenário aconteceu na região sudeste, com 76,8% dos reajustes salariais acima da inflação

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Crédito: Agência Brasil / Marcello Casal Jr. – Agência Brasil

Diferente do que ocorreu no último ano, a região Centro-Oeste teve o segundo melhor resultado nas negociações salariais, com 73,2% dos reajustes acima da inflação, enquanto somente 11,3% dos reajustes ocorreram abaixo da inflação.

O melhor cenário aconteceu na região sudeste, com 76,8% dos reajustes acima da inflação, enquanto na região sul, 69,3% dos reajustes ocorreram acima da inflação, na região norte 68,5% dos reajustes ocorreram acima da inflação e na região nordeste, 66% dos reajustes ocorreram acima da inflação neste ano de 2023.

Por ramo de atividade, a indústria continuou apresentando os melhores resultados deste ano, com 75,7% das negociações resultando em reajuste acima da inflação, enquanto no setor de serviços a taxa de sucesso foi de 71% e no comércio de 58%. É também no comércio que ocorreu a maior taxa de insucesso das negociações, visto que 11,3% resultaram em reajuste abaixo da inflação. Para a indústria, a taxa agora foi de 8,5% e no setor de serviços, a taxa foi de 7,6%.

Novamente, a melhora nas condições de barganha da classe trabalhadora foi visível. Alguns fatores ajudaram a explicar este sucesso. Primeiro a queda da inflação resultou em um reajuste menor para gerar ganho real de renda, e é preciso avaliar o poder extra de barganha que o aumento real do salário mínimo gerou. Esses dois fatores fizeram com que, pelo menos nessa ótica, houvesse uma melhora no mercado de trabalho brasileiro.

Redação ICL Economia
Com informações do Economia Para Todos – Boletim Diário de Notícias Econômicas e Atualização do Mercado

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