O que as recessões do Japão e Reino Unido podem sinalizar para a economia mundial

Inflação e juros altos, perda de produtividade e questões geopolíticas estão entre os fatores que têm prejudicado a retomada das principais economias do mundo.
16 de fevereiro de 2024

A economia do Japão encolheu, assim como a do Reino Unido entrou em recessão técnica. Os japoneses saíram do terceiro lugar e agora ocupam o quarto, trocando de posto com a Alemanha. Enquanto isso, o PIB (Produto Interno Bruto) do Reino Unido caiu 0,3% no último trimestre de 2023. Esses são sinais de que a economia mundial, com as nações mais ricas à frente, são pacientes que ainda inspiram cuidados.

O governo do Japão informou que a economia encolheu a uma taxa anual de 0,4% entre outubro e dezembro, de acordo com dados sobre o PIB real divulgados ontem (15). Por outro lado, a economia do país cresceu 1,9% em todo o ano de 2023.

Houve uma contração forte (2,9%) entre julho e setembro e, quando esse movimento ocorre por dois trimestres consecutivos, é um indicativo de que a economia está em recessão técnica.

Até 2010, o Japão ostentava o posto de segunda maior do mundo, até ser ultrapassado pela China. O PIB nominal do Japão totalizou US$ 4,2 trilhões no ano passado, enquanto o da Alemanha ficou entre US$ 4,4 trilhões e US$ 4,5 trilhões.

O fator chave para isso foi a perda de valor da moeda japonesa, o iene, pois as comparações do PIB nominal são feitas em dólares.

Outro aspecto que tem pesado, segundo economistas, é o envelhecimento da população japonesa e o atraso na produtividade e na competitividade.

Tanto a economia japonesa como a alemã são alimentadas por pequenas e médias empresas fortes com uma produtividade sólida.

Mas, no caso japonês, o envelhecimento da população somado à falta de mão de obra imigrante têm prejudicado a produtividade do país.

Enquanto a população do Japão diminui e envelhece há anos, a da Alemanha cresceu para quase 85 milhões, com a ajuda da imigração, que compensou a baixa taxa de natalidade no país.

Economia mundial: terceiro lugar não significa que a economia alemã esteja surfando boa onda

Assim como o Reino Unido, a economia alemã, a mais importante da zona do euro, contraiu 0,3% no ano passado, o que também colocou o país em recessão técnica.

Embora a inflação tenha diminuído, os preços permanecem elevados e travaram o crescimento econômico alemão.

A produção na região diminuiu ligeiramente no terceiro trimestre de 2023. No último trimestre do ano, a economia do país também encolheu 0,3% em comparação ao trimestre anterior.

O declínio do PIB alemão reflete a fraqueza de toda a economia, mas particularmente do setor industrial do país, que foi prejudicado pela fraca procura chinesa, pelos elevados custos da energia e pelos aumentos das taxas de juro.

No caso do Reino Unido, cujo PIB encolheu 0,3% no quarto trimestre de 2023 ante os três meses anteriores, houve baixa nos três principais setores – serviços, produção industrial e construção.

Como o PIB britânico já havia recuado 0,1% no terceiro trimestre ante o segundo, a economia do Reino Unido entrou em recessão no fim do ano passado.

Na comparação anual, o PIB do Reino Unido teve contração de 0,2% no quarto trimestre. Em todo o ano de 2023, a economia britânica mostrou leve crescimento de 0,1% em relação a 2022.

O chefe do Tesouro, Jeremy Hunt, culpou a alta inflação pela fraqueza da economia, que tem corroído os padrões de vida. “Baixo crescimento não é surpresa”, disse ele. “Embora os tempos ainda sejam difíceis para muitas famílias, devemos nos ater ao plano – reduzir os impostos sobre o trabalho e os negócios para construir uma economia mais forte”, complementou.

EUA continuam na dianteira

Os Estados Unidos continuam a ser a maior economia do mundo de longe, com um PIB de US$ 27,94 trilhões em 2023, enquanto o da China foi de US$ 17,5 trilhões. O da Índia é de cerca de US$ 3,7 trilhões, mas cresce a uma taxa escaldante de cerca de 7%.

Contudo, até mesmo os Estados Unidos têm enfrentado dilemas com sua política monetária com taxas de juros elevadas, que parecem não estarem surtindo o efeito desejado de controle da inflação.

A meta de inflação do Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA) é de 2%. Mas, a despeito dos juros altos para tentar conter as pressões inflacionárias, dados macroeconômicos recentes têm mostrado uma economia ainda resiliente, numa demonstração de que o remédio amargo dos juros deve permanecer por mais tempo.

Já no caso da China, a economia do país, que ainda não recuperou seu vigor de antes da Covid-19, tem influenciado no mundo todo, devido à demanda menor por produtos e commodities.

Esses resultados denotam que a conjunção inflação e juros altos, questões geopolíticas, como a guerra da Rússia contra a Ucrânia e o conflito no Oriente Médio, impactam a retomada do vigor das principais economias do planeta, especialmente em um mundo globalizado.

Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias e do Estadão

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