Relatório da ONU (Organização das Nações Unidas) aponta os desafios para países atingirem os planos de ações globais previstos na Agenda 2030, que reúne objetivos para o desenvolvimento sustentável. E, para que se alcance o equilíbrio entre mulheres e homens, seria necessário um investimento de US$ 360 bilhões (R$ 1,8 trilhão) por ano até 2030, segundo o relatório “The Gender Snapshot”, divulgado na quinta-feira (7) e produzido anualmente em conjunto por dois braços das Organizações das Nações Unidas: a ONU Mulheres e o Desa (Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais das Nações Unidas).
Segundo a reportagem publicada na Folha de S Paulo, o relatório da ONU informa que, caso as tendências atuais se mantenham, mais de 340 milhões de meninas e mulheres (ou 8% da população feminina mundial) vão viver em situação de extrema pobreza até 2030. Para o estudo, foi considerado que a extrema pobreza ocorre quando as pessoas contam com até US$ 2,15 por dia (pouco menos de R$ 11).
Os autores estimam que 1 de cada 4 mulheres deve experimentar algum grau de insegurança alimentar até 2030. “O mundo está falhando com mulheres e meninas”, informa a ONU por meio do relatório. Os dados não tratam separadamente do Brasil, mas indicam que, apenas na América Latina e no Caribe, 13 milhões a mais de mulheres podem ser empurradas para a pobreza até 2050 e pode faltar comida para mais 20 milhões delas, caso o cenário atual seja mantido.
Por outro lado, um esforço para reduzir as disparidades de gênero em sistemas agroalimentares pode, além de reduzir a insegurança alimentar, impulsionar o PIB (Produto Interno Bruto) global em quase US$ 1 trilhão (R$ 4,9 trilhões), segundo a ONU.
Falta de acesso à educação, entre meninas e mulheres jovens, dificulta redução de desigualdade, aponta relatório da ONU
Um dos principais fatores que dificultam a redução de desigualdade é a falta de acesso à educação, os dados apontam que 110 milhões de meninas e mulheres jovens estarão fora da escola em 2030.
No mercado de trabalho, a diferença global entre rendimentos também é persistente: para cada US$ 1 (R$ 4,98) que um homem ganha por seu trabalho, uma trabalhadora mulher recebe praticamente a metade, cerca de US$ 0,51 (R$ 2,54).
No Brasil, em 3 de julho, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou projetos de lei sobre direitos das mulheres, incluindo o que trata de igualdade salarial com homens na mesma função.
No mundo, enquanto 90% dos homens em idade de trabalhar se encontram na força de trabalho, apenas 61,4% das mulheres fazem parte dela, ainda segundo perspectivas globais.
O tempo empregado em funções sem remuneração também varia entre homens e mulheres e isso deve se manter nos próximos anos. A próxima geração de mulheres deve gastar, em média, 2,3 horas a mais por dia que os homens em trabalhos domésticos e em outras atividades não remuneradas da chamada economia do cuidado.
A reportagem da Folha de S Paulo menciona que os dados apontam que a chegada das mulheres a postos de liderança segue travada: cerca de 28,2% delas exercem funções de comando em seus locais de trabalho, 35,5% fazem parte de governos locais e 26,7% ocupam cadeiras em Parlamentos.
Ainda segundo o relatório da ONU, as mudanças climáticas podem fazer com que até 158,3 milhões de mulheres caiam na pobreza até a metade do século —quase 16 milhões a mais que o total de homens e meninos que devem passar pela mesma situação.
A instituição também conclui que nenhum país está totalmente preparado para erradicar a violência doméstica, e que apenas 27 contam com sistemas eficazes que garantem recursos para políticas públicas de igualdade de gênero e empoderamento feminino.
Redação ICL Economia
Com informações da Folha de S Paulo