Relatório da ONU calcula investimento de US$ 360 bi por ano para se atingir o equilíbrio entre mulheres e homens no mundo

Caso as tendências atuais se mantenham, mais de 340 milhões de meninas e mulheres (ou 8% da população feminina mundial) vão viver em situação de extrema pobreza até 2030, informa o relatório da ONU
11 de setembro de 2023

Relatório da ONU (Organização das Nações Unidas) aponta os desafios para países atingirem os planos de ações globais previstos na Agenda 2030, que reúne objetivos para o desenvolvimento sustentável. E, para que se alcance o equilíbrio entre mulheres e homens, seria necessário um investimento de US$ 360 bilhões (R$ 1,8 trilhão) por ano até 2030, segundo o relatório “The Gender Snapshot”, divulgado na quinta-feira (7) e produzido anualmente em conjunto por dois braços das Organizações das Nações Unidas: a ONU Mulheres e o Desa (Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais das Nações Unidas). 

Segundo a reportagem publicada na Folha de S Paulo, o relatório da ONU informa que, caso as tendências atuais se mantenham, mais de 340 milhões de meninas e mulheres (ou 8% da população feminina mundial) vão viver em situação de extrema pobreza até 2030. Para o estudo, foi considerado que a extrema pobreza ocorre quando as pessoas contam com até US$ 2,15 por dia (pouco menos de R$ 11).

Os autores estimam que 1 de cada 4 mulheres deve experimentar algum grau de insegurança alimentar até 2030. “O mundo está falhando com mulheres e meninas”, informa a ONU por meio do relatório. Os dados não tratam separadamente do Brasil, mas indicam que, apenas na América Latina e no Caribe, 13 milhões a mais de mulheres podem ser empurradas para a pobreza até 2050 e pode faltar comida para mais 20 milhões delas, caso o cenário atual seja mantido.

Por outro lado, um esforço para reduzir as disparidades de gênero em sistemas agroalimentares pode, além de reduzir a insegurança alimentar, impulsionar o PIB (Produto Interno Bruto) global em quase US$ 1 trilhão (R$ 4,9 trilhões), segundo a ONU.

Falta de acesso à educação, entre meninas e mulheres jovens, dificulta redução de desigualdade, aponta relatório da ONU

Um dos principais fatores que dificultam a redução de desigualdade é a falta de acesso à educação, os dados apontam que 110 milhões de meninas e mulheres jovens estarão fora da escola em 2030.

No mercado de trabalho, a diferença global entre rendimentos também é persistente: para cada US$ 1 (R$ 4,98) que um homem ganha por seu trabalho, uma trabalhadora mulher recebe praticamente a metade, cerca de US$ 0,51 (R$ 2,54).

No Brasil, em 3 de julho, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou projetos de lei sobre direitos das mulheres, incluindo o que trata de igualdade salarial com homens na mesma função.

No mundo, enquanto 90% dos homens em idade de trabalhar se encontram na força de trabalho, apenas 61,4% das mulheres fazem parte dela, ainda segundo perspectivas globais.

O tempo empregado em funções sem remuneração também varia entre homens e mulheres e isso deve se manter nos próximos anos. A próxima geração de mulheres deve gastar, em média, 2,3 horas a mais por dia que os homens em trabalhos domésticos e em outras atividades não remuneradas da chamada economia do cuidado.

A reportagem da Folha de S Paulo menciona que os dados apontam que a chegada das mulheres a postos de liderança segue travada: cerca de 28,2% delas exercem funções de comando em seus locais de trabalho, 35,5% fazem parte de governos locais e 26,7% ocupam cadeiras em Parlamentos.

Ainda segundo o relatório da ONU, as mudanças climáticas podem fazer com que até 158,3 milhões de mulheres caiam na pobreza até a metade do século —quase 16 milhões a mais que o total de homens e meninos que devem passar pela mesma situação.

A instituição também conclui que nenhum país está totalmente preparado para erradicar a violência doméstica, e que apenas 27 contam com sistemas eficazes que garantem recursos para políticas públicas de igualdade de gênero e empoderamento feminino.

Redação ICL Economia
Com informações da Folha de S Paulo 

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