Antes de divulgar os novos nomes que integrarão seu ministério na tarde desta quinta-feira (22), o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), recebeu das mãos do vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin, o relatório da transição, que contém o diagnóstico feito pelos 32 grupos temáticos sobre os problemas deixados pela gestão de Jair Bolsonaro (PL).
Desde que os trabalhos foram iniciados, logo após o resultado do segundo turno, os grupos apresentaram diversas recomendações a Lula diante das conclusões obtidas sobre o atual cenário. O grupo técnico de saúde, por exemplo, concluiu que seriam necessários ao menos R$ 22,7 bilhões no orçamento da saúde para garantir o mínimo de funcionamento dos serviços públicos na saúde.
Ao receber o documento, Lula disse que herdará o Brasil “numa situação de penúria”, um Brasil que, de acordo com ele, sofreu um “retrocesso” ao longo do governo Bolsonaro. “Esse material eu não pretendo fazer um show, um escândalo, eu preciso apenas que as sociedade brasileira saiba como tomamos posse, o Brasil que encontramos em dezembro de 2022. Depois de quatro anos de mandato, nós recebemos esse governo numa situacao de penúria em que as coisas mais simples não foram feitas de forma irresponsável porque o presidente preferia mentir no cercadinho que governar esse país”, disse Lula.
A primeira a discursar no evento de nomeação desta quinta foi a presidente do PT, a deputada Gleisi Hoffmann (PT-PR). Ela afirmou que o trabalho das equipes de transição resultou em um “diagnóstico preciso” do governo e servirá para o desenvolvimento das atividades dos futuros ministros.
Nas palavras da petista, foi verificado um “alto grau de destruição” deixado pela gestão de Jair Bolsonaro (PL). “Isso vai requerer de quem está com o presidente Lula e de quem está apoiando uma grande presença e participação para que a gente possa fazer essa reconstrução”, afirmou a parlamentar.
Relatório da transição mostra enormes retrocessos, especialmente nas áreas de Educação e da Saúde
Após o discurso de Gleisi, Alckmin apresentou dados sobre diversas áreas analisadas pela equipe. Dentre todas elas, o vice-presidente eleito destacou a Educação, na qual, segundo ele, houve “enormes retrocessos”. “Aprendizagem diminuiu, a evasão escolar aumentou. Os recursos para essenciais, como merenda escolar, ficaram congelados em R$ 0,36, e tivemos quase um colapso dos institutos e das universidades”, disse o vice-presidente eleito.
Na Saúde, Alckmin destacou a queda na vacinação e o alto índice de mortes por Covid-19. De acordo com o vice-presidente eleito, nomeado hoje novo ministro do Mdic (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior), “50% não tomaram dose de reforço de poliomielite. Poliomielite mata e deixa sequela”, disse.
Ele ainda complementou que “há um grande desafio pela frente na Saúde”. “A má condução da Saúde fez com que o Brasil, tendo 2,7% da população mundial, tivesse quase 11% das mortes por Covid nessa pandemia mundial. Fico feliz, como médico, de ver que na PEC social, a PEC da vida, os recursos mais expressivos estão na área de saúde”, disse referindo-se à PEC (Proposta de Emenda à Constituição) da Transição, promulgada ontem (21) pelo Congresso Nacional, que abre um espaço extrateto de R$ 145 bilhões para o governo Lula poder cumprir parte de suas promessas de campanha.
Além disso, Alckmin vinculou a sanha armamentista de Bolsonaro ao aumento do feminicídio. “A distribuição absurda de armas na mão das pessoas levou infelizmente a um recorde de morte de mulheres, o feminicídio. Tivemos, em 6 meses, 700 feminicídios e por arma de fogo”, declarou.
Na pasta da Cultura, para a qual foi nomeada a cantora baiana Margareth Menezes, a equipe de transição constatou queda nos recursos. “Na Cultura, tivemos redução de quase 90% de recursos. Cultura e economia criativa é emprego na veia, distribuidora de renda”, afirmou o vice-presidente.
Outros destaques na lista são a Habitação, com queda nos investimentos em moradia para famílias de baixa renda; Meio Ambiente, com aumento do desmatamento; redução de recursos voltados a programas para promoção da igualdade racial; e obras de infraestrutura paradas.
Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias