Relatório Focus: mercado financeiro reduz projeções de inflação para 2022 e 2023, mas indicadores ainda permanecem distantes da meta do BC

Para 2023 e 2024, o mercado prevê inflação de 5,33% e 3,41%, respectivamente. Isso significa que indicadores devem ficar bem longe da meta traçada pelo BC
22 de agosto de 2022

O relatório Focus do Banco Central, divulgado na manhã desta segunda-feira (22), mostra que o mercado financeiro reduziu mais uma vez suas projeções para a inflação oficial, medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), deste e do próximo ano. O mercado baixou de 7,02% para 6,82% para este ano, e de 5,38% para 5,33% para o ano que vem. No entanto, os dois indicadores permanecem ainda muito acima da meta inflacionária determinada pelo BC (Banco Central), de 3,5% e 3,25%, respectivamente.

Para 2023 e 2024, o mercado prevê inflação de 5,33% e 3,41%, respectivamente, portanto, longe da meta traçada pelo BC. Além disso, as projeções também estão distantes do que prevê o próprio BC, de 4,6% e 2,7%.

Com as revisões, a expectativa do mercado fica mais em linha com a do próprio Banco Central para 2022, de 6,8%. Por outro lado, continua bastante distante do cenário traçado pelo BC para os próximos dois anos.

Em relação a este e ao próximo ano, como há tolerância de 1,5 ponto percentual, a meta só pode ser cumprida se o IPCA ficar entre 2% a 5% em 2022, e entre 1,75% e 4,75% em 2023. Caso não sejam cumpridas, o que muito provavelmente vai ocorrer, serão três anos consecutivos de meta descumprida. Em 2021, o índice oficial de inflação do Brasil fechou o ano em 10,06%, portanto, bem fora da meta (5,25%).

Com a revisão, o mercado financeiro interrompe as 18 semanas consecutivas de alta. Foram consultadas mais de cem instituições financeiras.

As revisões do mercado financeiro decorrem do fato de o país ter registrado deflação de 0,68% em julho, com a expectativa de que o indicador também venha mais baixo no mês de agosto. O registro negativo se deveu principalmente à queda nos preços dos combustíveis na bomba

Por outro lado, o impacto da inflação em julho foi maior para a população de menor renda, facilitando ainda mais a concentração de renda na economia brasileira.

Levantamento do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) mostra que a deflação foi de 0,34% para a população com renda muito baixa. Para a de renda baixa, foi de 0,5%; de 0,82% para a população com renda baixa-média; de 0,85% para a com renda média; de 0,82% para a com renda média-alta; e de 0,42% para a população com renda alta.

Tem pesado muito no bolso na população mais vulnerável a inflação dos alimentos, que continua bastante alta, impactando bastante no poder de compra dessa faixa da população.

Exageradamente otimista, mercado financeiro projeta PIB maior para este ano no relatório Focus

Mostrando um otimismo fora da realidade, o mercado financeiro elevou as projeções para o crescimento da economia brasileira. O PIB (Produto Interno Bruto) subiu em 2022 de 2,00% para 2,02%. Por outro lado, para 2023, as projeções baixaram de 0,41% para 0,39%. Já para 2024 e 2025, os previsões permanecem em 1,80% e 2,00%.

Por sua vez, o mercado financeiro prevê que a taxa básica de juros (Selic) permanecerá nos atuais 13,75% no fim de 2022, mas, para 2023, a taxa deve cair para 11%. Em 2024 e 2025, as projeções são de 8,00% e 7,50%, respectivamente, em linha, portanto, com as projeções do BC.

Para o câmbio, foram mantidas as previsões para dezembro de 2022, 2023, 2024 e 2025. Cada US$ 1 valerá, respectivamente, R$ 5,20, R$ 5,20, R$ 5,10 e R$ 5,17.

Os números apontados pelo mercado financeiro no Relatório Focus estão completamente descolados da realidade que se vê no país. Além disso, recentemente, órgãos oficiais e instituições internacionais apontaram quatro pontos centrais do cenário econômico brasileiro que podem colocar a “economia em apuros” em 2023. São eles: crescimento econômico, inflação, desemprego e contas públicas.

Além disso, com a PEC Eleitoral (PEC dos Auxílios) – pacote eleitoreiro de benefícios pagos pelo governo até dezembro de 2022 para tentar impulsionar o nome do presidente Jair Bolsonaro (PL) nas eleições deste ano -, a situação da economia brasileira tende a piorar, uma vez que a proposta cria um estado de emergência.

Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias

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