Rentabilidade das exportações brasileiras cresce apenas 7% em um década

Em uma década (2012 a 2022), a alta do dólar de R$ 1,95 para R$ 5,15 até ajuda o aumento da rentabilidade das exportações no setor de alimentos, papel e celulose. Porém, esse efeito não é suficiente para a indústria que depende de insumo importado
3 de fevereiro de 2023

Dados da Funcex (Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior) mostram que, em uma década (acumulado de janeiro a novembro de 2022 sobre o mesmo período de 2012), a rentabilidade das exportações brasileiras cresceu apenas 7,3%. Nesse período, a taxa média do dólar subiu de R$ 1,95 para R$ 5,15. Por outro lado, enquanto a indústria, cada vez mais, perde protagonismo na economia brasileira, o agronegócio representa mais da metade das exportações na balança comercial do Brasil.

Nos setores não industriais, como a agropecuária, por exemplo, com dependência menor de insumos importados, houve ganho de 26% na rentabilidade das exportações de 2012 para 2022, aponta o estudo. Na indústria extrativista, foi registrada uma queda de 10%. Na de transformação, a alta foi de 6%.

De acordo com a CNI (Confederação Nacional da Indústria), para os setores de alimentos e papel e celulose, a desvalorização cambial até ajuda, mas isso não é verdade para parte da indústria que depende de muito insumo importado.

Em vez de rentabilidade nas exportações de manufaturados, o que se vê no Brasil é o déficit crescente nesse segmento

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Crédito: Envato

Segundo a AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil), o déficit da balança comercial brasileira de manufaturados, que é a diferença entre os manufaturados que o Brasil exporta e os que importa, vem crescendo de forma contínua. “Em 2022, o Brasil atingiu um recorde com déficit de US$ 128 bilhões na balança comercial brasileira de manufaturados, segundo informou a entidade para a reportagem publicada no jornal O Estado de S Paulo.

Com a pandemia, os empresários sentiram o aumento de custos com plásticos e aços, derivados de petróleo e de insumos em falta no mercado, como os chips. Também houve reorganização nas cadeias globais de fornecimento, com aumento de custos, insumos, commodities, frete, aluguel de contêineres, precificados em dólar. Há dificuldade para absorver todos os impactos trazidos nesse cenário.

Segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), em 2022, 90% de todas as importações brasileiras foram compostas por insumos, bens intermediários e bens de capital. No levantamento mais recente da CNI, divulgado em dezembro passado, a participação de insumos importados chegou a 24,3% do total utilizado pela indústria. Em 2019, o montante correspondia a 22,7%.

No ramo de máquinas e equipamentos, o aumento de custos dos últimos dois anos reduziu a melhora dos números e a rentabilidade das exportações. Os dados da Funcex mostram uma rentabilidade estagnada na última década. A inflação do setor foi de 17,6% no ano passado e de 25% em 2021.

Sem a redução do custo Brasil – que envolve insegurança jurídica, o aspecto tributário e problemas de logística -, o ganho do exportador de manufaturados é mínimo, sem benefício para o comércio exterior do país que exporta mais commodity. Na lista de prioridades para ajudar a reduzir o custo das exportações, está a reforma tributária.

O MDIC, por meio da Secretaria de Comércio Exterior, informou para a reportagem do jornal O Estado de S Paulo que a competitividade e rentabilidade das exportações depende diretamente do aumento da competitividade da própria produção brasileira. A secretaria também destacou a necessidade de “redução de burocracia, diminuição de barreiras comerciais, ampliação de acordos internacionais e fortalecimento de mecanismos que evitem que a empresa brasileira exporte tributos”.

Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias

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