A recuperação do Brasil no IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) da ONU (Organização das Nações Unidas) ficou abaixo do esperado em 2022, último ano do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro. Embora o Brasil tenha revertido a queda no indicador em dois anos consecutivos, o país perdeu duas posições no ranking e não chegou ao nível que tinha em 2019.
Os dados foram divulgados pelo Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) ontem (13), mostrando que, em 2022, o Brasil atingiu índice 0,760, considerado alto, e ocupa a 89ª posição na lista de 193 nações. No primeiro ano da gestão Bolsonaro, em 2019, o IDH havia passado de 0,764 (2018) para 0,766, o que significa que a nota do país ao fim do mandato ficou pior do que era no início.
O IDH é composto pela média de indicadores de expectativa de vida ao nascer, escolaridade e renda. Quanto mais próximo de 1, melhor o IDH.
Ainda sob comando de Bolsonaro e enfrentando a pandemia de Covid-19, o país sofreu duas quedas consecutivas: caiu de 0,766 em 2019 para 0,758 em 2020, alcançando 0,754 em 2021. O progresso brasileiro no último ano é visto como acentuado, embora tenha apresentado uma recuperação abaixo do esperado.
Para efeito de comparação, o Brasil está atrás de Cuba (0,764) e China (0,788), na categoria de desenvolvimento alto. O país está ao lado do Azerbaijão no 89º lugar.
À frente do Brasil também estão Argentina (0,849), Bahamas (0,820) e Peru (0,762), por exemplo.
Salta aos olhos ver que a Argentina, ainda que esteja sob uma crise econômica há anos, está em posição muito melhor que a do Brasil. A grande diferença é que o país vizinho fez uma opção de investir em educação.
Aqui, sob o governo Bolsonaro, houve uma ingerência profunda na educação e no social como um todo. Houve desmonte de instituições públicas e troca de ministros com viés muito mais ideológico do que técnico na Educação e na Saúde. O tema renda só melhorou em 2022, quando o então mandatário turbinou o Auxílio Brasil (atual Bolsa Família) com o objetivo de vencer as eleições presidenciais daquele ano.
Ao longo das gestões petistas, de 2003 a 2016, quando a ex-presidenta Dilma Rousseff sofreu o golpe, o Brasil saiu de um indicador na casa do 0,688 para 0,755 em 2016.
Brasil perde posições no IDH para São Vicente e Granadinas, Equador e Maldivas
O Brasil perdeu posições para São Vicente e Granadinas, Equador e Maldivas. Com a queda da Ucrânia, no entanto, caiu duas posições no ranking e hoje está empatado com o Azerbaijão, como dito acima.
A média mundial do IDH é 0,737 e da América Latina e Caribe, 0,766, ou seja, o Brasil está abaixo da média da região, onde o Chile figura como a nação com o IDH mais alto. O Brasil, que ocupava a 16ª posição, caiu para a 18ª.
No ranking global, atualmente o topo é da Suíça, com 0,967, e em último lugar está a Somália, que registrou 0,380.
De modo geral, o relatório mostra avanço desigual no desenvolvimento dos países, o que está deixando os mais pobres para trás, exacerbando a desigualdade e alimentando a polarização política em escala global.
Na avaliação do relatório, “o resultado é um impasse perigoso que deve ser urgentemente enfrentado por meio de ação coletiva”.
Para 2023, a perspectiva é de que o IDH atinja níveis recordes, após fortes declínios em 2020 e 2021. No entanto, o relatório mostra que esse avanço é profundamente desigual. Países ricos estão experimentando níveis recorde de desenvolvimento humano, enquanto metade dos países mais pobres do mundo retrocedeu no ritmo de progresso pré-crise.
Além de choques como a pandemia, guerras também provocam variações significativas no índice de desenvolvimento dos países.
Relatório mostra preocupação com polarização política
Para o futuro, as maiores preocupações, segundo o relatório, têm sido a polarização política, marcada pela divisão interna em países e o apoio a líderes que minam a democracia.
“Mais do que pessoas defendendo seu ponto de vista, o que é saudável para a democracia, vemos sociedades divididas em campos beligerantes. Isso envenena a cooperação doméstica e internacional. É uma tendência global desde 2011”, afirmou Pedro Conceição, diretor do escritório da ONU responsável pela publicação.
Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias e da Folha de S.Paulo