Taxa de desemprego recua 9,1% no trimestre, mas informalidade em alta acende alerta sobre precarização do mercado de trabalho

Segundo o IBGE, a taxa de informalidade foi de 39,8% da população ocupada e o número de trabalhadores informais chegou a 39,3 milhões
31 de agosto de 2022

A taxa de desemprego no Brasil recuou 9,1% no trimestre encerrado em julho, ante 9,3% no período encerrado em junho. Este é o menor índice da série trimestral desde dezembro de 2015, quando a marca também foi de 9,1%. Contudo, os dados divulgados nesta quarta-feira (31) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) apontam informalidade em alta no mercado de trabalho, o que denota a precarização das condições para os trabalhadores do país.

Os dados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua) mostram que, no período analisado, o contingente de pessoas ocupadas bateu recorde de 98,7 milhões. Mas outros dados preocupam. A taxa de informalidade foi de 39,8% da população ocupada e o número de trabalhadores informais chegou a 39,3 milhões. Além disso, o total de empregados sem carteira assinada foi o maior da série histórica: 13,1 milhões. Enquanto isso, a quantidade daqueles com carteira de trabalho assinada subiu para 35,8 milhões.

Desse modo, na comparação com igual período de 2021, o emprego com carteira assinada no setor privado cresceu 10%, enquanto o emprego sem carteira aumentou duas vezes mais: 19,8%.

Fazem parte dessa população informal os trabalhadores sem carteira assinada, empregadores e conta própria sem CNPJ, além de trabalhadores familiares auxiliares.

Além disso, o trabalho por conta própria (25,873 milhões) subiu 3,5%. Por sua vez, o número de trabalhadores domésticos (5,832 milhões, na maioria empregos sem carteira assinada) cresceu 14,1% nas bases de comparação.

Por outro lado, o número de ocupados foi um recorde da série histórica iniciada em 2012. São 2,2% a mais no trimestre e 8,8% em 12 meses. Entre os 8 milhões de ocupados a mais em relação a 2021.

Mas o dado preocupante é que o número de sem carteira supera o com carteira, somados todos os segmentos.

Na segunda-feira (29), o Ministério do Trabalho informou que o país gerou 218,9 mil empregos com carteira assinada em julho – uma piora em relação a julho do ano passado, quando foram criados 306,5 mil empregos formais. Mas, como as metodologias das pesquisas são diferentes, não dá para comparar uma com a outra.

Ao menos duas atividades ajudaram a impulsionar geração de empregos, apesar da informalidade em alta

De acordo com os dados da Pnad, a falta de trabalho ainda atinge 9,9 milhões de pessoas, o menor nível desde o trimestre encerrado em janeiro de 2016. No levantamento anterior, referente ao trimestre encerrado em junho, eram 10,1 milhões de pessoas.

Duas atividades influenciaram a queda do desemprego no período analisado. Em “Comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas”, houve acréscimo de 692 mil pessoas no mercado de trabalho (3,7%) em comparação com o trimestre anterior. Por sua vez, no setor “Administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais”, o incremento foi de 648 mil pessoas (3,9%).

No entanto, a coordenadora da pesquisa, Adriana Beringuy, ressaltou que nenhum grupo de atividade econômica apresentou perda de ocupação. “Todos os setores adicionaram pessoas ao mercado de trabalho”, pontua Beringuy.

No que diz respeito ao confronto anual, com o tri encerrado em julho de 2021, apenas o setor de “Agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura” não apresentou crescimento na população ocupada.

A população subutilizada caiu para 24,3 milhões de pessoas, enquanto o número de pessoas fora da força de trabalho diminuiu para 64,7 milhões de pessoas. Já a população desalentada (que desistiu de procurar trabalho) caiu para 4,2 milhões e o número de empregadores foi de 4,3 milhões de pessoas.

Pesquisa aponta queda da remuneração de um ano para outro

Em relação à remuneração, a pesquisa aponta rendimento real mensal de R$ 2.693 no trimestre encerrado em julho, valor 2,9% maior que no trimestre anterior, mas 2,9% menor em relação ao mesmo período de 2021, quando o país ainda sofria os efeitos da pandemia.

O aumento foi puxado pelo rendimento dos empregadores (6,1%, ou mais R$ 369), dos militares e funcionários públicos estatutários (3,8%, ou mais R$ 176) e dos trabalhadores por conta própria (3% ou mais R$ 63).

“A última vez que houve crescimento significativo foi há exatos 2 anos, no trimestre encerrado em julho de 2020”, disse Adriana Beringuy.

Já a massa de rendimento real habitual foi R$ 260,7 bilhões, aumento de 5,3% frente ao trimestre encerrado em abril, e de 6,1% na comparação anual.

Redação ICL Notícias
Com informações das agências de notícias

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