Trabalhador vê salário encolher com reajuste abaixo da inflação

Em fevereiro apenas 15% das categorias conseguiram fazer negociações que compensaram perdas
8 de abril de 2022

Houve uma piora acentuada nos últimos três anos nos salários dos trabalhadores da iniciativa privada que, com a inflação em alta, enfrentam dificuldades em obter reajuste. Segundo dados do Dieese (Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos), em 2018, apenas 9% das categorias não haviam conseguido aumento além da inflação. Em 2021, o índice cresceu mais de cinco vezes, subindo para 47%.

O estudo mostra que em 2021 apenas 15% dos reajustes negociados resultaram em ganhos reais (acima da inflação). Outros 47% dos acordos ficaram abaixo do INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), que serve de referência para reajustes salariais, enquanto 38% tiveram correções exatamente conforme a inflação (nem ganharam nem perderam).

Em 2022, os números são ainda piores. Em fevereiro (dados mais recentes do Dieese), 61% dos reajustes ficaram abaixo da inflação, considerando 119 acordos coletivos com data-base naquele mês. Outros 24% ficaram acima do INPC acumulado e 15% apenas compensaram a inflação.

Na prática, o que se constata é a perda do poder de compra dos salários dos trabalhadores, em consequência da falta de uma política governamental assertiva para retomada da economia e geração de empregos.

Com a sombra do desemprego sempre presente, a prioridade nas negociações coletivas deixou de ser o reajuste salarial e passou a ser a proteção do emprego e da saúde dos trabalhadores. A reforma trabalhista também é um agravante para o obtenção de reajustes salariais, uma vez que “quebrou” parte do poder de negociação dos sindicatos.

Para o supervisor técnico do escritório do Dieese em São Paulo, Victor Pagani, em entrevista ao UOL, os reajustes vão depender da capacidade de mobilização dos trabalhadores. “A perspectiva é de acirramento do conflito distributivo. Talvez até com impasses, paralisações e greves”, afirma.

Pagani explica que a inflação alta acaba por favorecer as mobilizações. “É mais fácil o trabalhador se mobilizar para um reajuste de 12% do que para um de 4%.

Redação ICL Economia
Com informações do UOL

Continue lendo

Assine nossa newsletter
Receba gratuitamente os principais destaques e indicadores da economia e do mercado financeiro.