Em viagem à China, Lula vai firmar com Xi Jinping acordo para combater a fome e a pobreza extrema

Hoje, o chinês Qu Dongyu é o diretor-geral da FAO, agência da ONU para Alimentação e Agricultura, o que pode ajudar a levar o tema da fome para a agenda dos organismos internacionais
23 de março de 2023

O tema da fome, extremamente caro ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), será o grande foco das atenções da viagem à China que o petista e uma grande comitiva do governo brasileiro farão no próximo fim de semana. Lula desembarca no país asiático no domingo (26), onde deve assinar um compromisso inédito de combate à fome e à extrema pobreza com o presidente Xi Jinping.

De acordo com o colunista do UOL e do ICL Notícias, Jamil Chade, a ideia é também construir uma aliança para colocar o tema na agenda dos organismos multilaterais.

No Brasil, o acordo será conduzido pelos Ministérios do Desenvolvimento Social e o do Desenvolvimento Agrário, cujos ministros já têm uma agenda de reuniões com representantes do governo chinês nas próximas semanas.

A missão diplomática, que ocorrerá nos últimos seis dias de março, será engrossada por parlamentares e empresários de diversos setores – um reflexo da dimensão comercial já existente e ainda em potencial na relação entre o Brasil e a potência asiática. Estão previstas assinaturas de mais de 20 acordos, o que faz todo sentido, uma vez que a China é a maior parceira comercial do Brasil desde 2009.

Esta é a terceira visita oficial de Lula como presidente à China, sendo a primeira no atual mandato. No dia 28 de março, ele se encontra com Xi Jinping.

Desse modo, o governo Lula começa a dar uma cara mais social para a agenda diplomática brasileira, marcada ao longo dos anos do mandato do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por uma pauta ultraconservadora de costumes.

Além disso, também volta a estreitar laços com grandes parceiros comerciais, como a China, cuja relação com o governo Bolsonaro foi marcada por alguns incidentes diplomáticos, como quando insinuou que o gigante asiático havia criado o coronavírus propositadamente, entre outras situações vexatórias.

Viagem à China: escolha do gigante asiático como parceiro para o combate à fome tem sua razão de ser

A costura do acordo de combate à fome e à extrema pobreza com a China tem um elemento importante. O chinês Qu Dongyu é hoje o diretor-geral da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), que sucedeu o brasileiro José Graziano.

Segundo publicado pelo UOL, o Brasil, há poucas semanas, deu seu apoio para a reeleição do dirigente chinês ao cargo em Roma e Lula chegou a se reunir com a agência em Buenos Aires. A FAO, portanto, seria um instrumento central nessa futura aliança.

Ademais, a China foi o primeiro país a atingir as metas da ONU (Organização das Nações Unidas) de reduzir pela metade o número de pessoas vivendo em extrema pobreza. Em 40 anos, milhões de pessoas foram retiradas da situação de miséria extrema, avaliada em uma renda de US$ 1,9 por dia.

Contudo, foi constatado nos últimos anos que os avanços podem ser desfeitos sempre que um abalo econômico atinge uma região. É o que aconteceu no Brasil, por exemplo, depois que um golpe retirou a ex-presidenta Dilma Rousseff, em 2016. A partir daí, o Brasil voltou a figurar no Mapa da Fome, de onde havia saído graças às políticas sociais dos governos petistas.

No caso chinês, analistas internacionais avaliam que um dos grandes desafios do país é garantir o abastecimento de alimentos para 1,4 bilhão de pessoas. A segurança alimentar, portanto, passou a ser um debate estratégico. Não por acaso, Xi Jinping tem insistido desde 2013 que “o prato de arroz do povo chinês precisa ser sempre seguro com nossas mãos firmes e preenchido com grãos chineses”.

Reaproximação com a China já começa a render frutos

O Ministério da Agricultura e Pecuária informou, nesta quinta-feira (23), que o governo chinês decidiu suspender o embargo à carne bovina brasileira. A decisão, segundo a pasta, foi tomada após reunião entre o ministro Carlos Fávaro e o ministro da Administração Geral da Aduana Chinesa, Yu Jianhua, em Pequim.

As importações do Brasil estavam suspensas desde fevereiro, após a confirmação de um caso classificado pelo governo brasileiro como “isolado e atípico” de encefalopatia espongiforme bovina, conhecida como mal da vaca louca. O registro foi feito em uma pequena propriedade no município de Marabá (PA).

“Tenho certeza que isso é um passo para que o Brasil avance cada vez mais com o credenciamento de plantas e oportunidades para a pecuária brasileira”, avaliou o ministro.

Redação ICL Economia
Com informações do UOL e da Agência Brasil

 

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