O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) iniciou viagem à China na manhã desta terça-feira (11), ao lado de uma comitiva de empresários, governadores, deputados, senadores e ministros. A programação oficial, que começa a partir de quarta-feira (12), se estende até sexta-feira (14) nas cidades de Xangai e Pequim, respectivamente, e inclui desde encontros de negócios até reuniões bilaterais com as principais autoridades do país asiático. Entre elas, o presidente chinês, Xi Jinping.
A viagem da comitiva teve de ser adiada por motivos de saúde de Lula. No país asiático, o presidente vai celebrar mais de 20 acordos comerciais. Alguns deles já estão em curso, como a venda de 20 aeronaves da Embraer para os chineses e a compra da fábrica da Ford na Bahia — fechada há um ano — pela fabricante de carros elétricos BYD.
Segundo reportagem do jornal O Globo, outro negócio em vias de ser fechado é a compra, pela brasileira Seara, de 280 caminhões fabricados pela chinesa JAC. Outro acordo que poderá ser assinado, entre a Suzano e Cosco, prevê a construção de 17 navios para o transporte de celulose.
Na seara do agronegócio brasileiro, o anúncio da viagem de Lula à China trouxe resultados antecipados. A comitiva que foi a Pequim antes do adiamento da viagem, liderada pelo ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, conseguiu o fim do embargo às exportações de carne bovina brasileira. Havia sido identificado um caso de vaca louca no Pará que, após exames laboratoriais, revelou-se atípico e sem risco de contágio para outros animais.
Viagem de Lula à China começará por Xangai, centro financeiro do país asiático, com presença na posse de Dilma no banco dos Brics
O primeiro pit stop de Lula na China será Xangai, centro financeiro do país, onde o presidente vai se reunir amanhã (12) com representantes de grupos empresariais dos setores de infraestrutura, tecnologia e da indústria automobilística. Também estão na agenda reuniões com dirigentes da BYD e da gigante de tecnologia Huawei.
Durante a visita, Lula estará ao lado de empresários, ministros, parlamentares e governadores. O primeiro compromisso da agenda será com a ex-presidenta Dilma Rousseff, que será empossada no comando do Novo Banco de Desenvolvimento do Brics (sigla do grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). À tarde, estão previstos encontros com empresários.
A agenda oficial termina na sexta-feira, quando presidente e comitiva desembarcam em Pequim, onde deverão ser assinados mais de 20 acordos bilaterais, segundo informações de O Globo. Um deles será para a construção do CBERS-6, o sexto de uma linha de satélites construídos em parceria entre Brasil e China, e outro na área de certificação digital no intercâmbio comercial, que deve tornar o trâmite de produtos mais rápido e confiável, diminuindo a burocracia para os exportadores brasileiros.
Está previsto também um acordo que permitirá operação nas exportações sem passar pelo dólar, com o intuito de facilitar o comércio entre os dois países, e outras tratativas nas áreas de turismo e investimentos.
Em sua última entrevista antes do embarque, concedida ao programa A Voz do Brasil, Lula destacou o propósito da viagem, que será uma espécie de relançamento das relações com o país, que foram esfriadas anos de Jair Bolsonaro na Presidência.
“Na China, vamos consolidar nossa relação com a China, eu vou convidar o [presidente] Xi Jinping para vir ao Brasil, conhecer o Brasil numa reunião bilateral, para mostrar os projetos de interesse. O que nós queremos é construir parceria com os chineses, fazer sociedade com os chineses, para que eles possam fazer investimentos em coisas que não existem, uma nova rodovia, ferrovia, hidrelétrica, uma coisa qualquer que signifique algo novo para o Brasil”, afirmou.
Em 2022, a China importou mais de US$ 89,7 bilhões em produtos brasileiros, especialmente soja e minérios, e exportou quase US$ 60,7 bilhões para o mercado nacional. O volume comercializado, US$ 150,4 bilhões, cresceu 21 vezes desde a primeira visita de Lula ao país, em 2004. Esta será a terceira viagem de Lula como presidente brasileiro ao gigante asiático.
Redação ICL Economia
Com informações de O Globo e Agência Brasil