Pesquisa mostra que 6,5 milhões de brasileiros fazem home office, com rendimento médio de R$ 3 mil

Desde o segundo trimestre de 2021, os rendimentos de quem trabalha remotamente vêm se mantendo acima dos demais trabalhadores
23 de dezembro de 2022

O número de profissionais em home office no terceiro trimestre deste ano estava em 6,53 milhões. Já o rendimento médio desses trabalhadores ficou em R$ 3.009,88. De acordo com levantamento do economista da LCA Consultores, Bruno Imaizumi, feito com base na Pnad, do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o valor médio do rendimento dos brasileiros ocupados trabalhando remotamente no período é o segundo maior desde 2018. Só perde para o segundo trimestre de 2021, quando registrou uma média de R$ 3.052,45.

Em agosto, a Câmara dos Deputados aprovou o texto principal da MP (Medida Provisória) 1.108, que regulamenta o home office para facilitar o trabalho remoto de maneira permanente, abrindo a possibilidade de adoção definitiva de um modelo híbrido e, também, a adoção de um esquema de trabalho por produção e não apenas por jornada de trabalho. 

O estudo mostra que o maior valor do rendimento médio coincide com o período em que houve a maior proporção de profissionais trabalhando de casa. Desde o segundo trimestre de 2021, os rendimentos de quem está em home office vêm se mantendo acima dos demais trabalhadores. O levantamento do economista da LCA Consultores leva em conta dados desde o primeiro trimestre de 2018, quando o IBGE começou a divulgar números referentes ao trabalho remoto no país.

Outros dados do levantamento, divulgados pela reportagem do G1,  mostram que, na comparação com o primeiro trimestre de 2020, logo antes do início da pandemia, o rendimento dos trabalhadores em home office cresceu 53,6%. Em relação ao terceiro trimestre de 2018, o aumento no rendimento foi de 66%. Já em relação ao mesmo período de 2019, o avanço foi de 56,5%. Sobre o 3º trimestre de 2020, a alta foi de 29,4%. Na comparação com o mesmo trimestre de 2021, o rendimento cresceu 4%.

Já a massa de rendimento real (soma dos rendimentos recebidos de todos os ocupados) dos trabalhadores remotos estava em R$ 19,64 bilhões no terceiro trimestre deste ano, maior valor em quatro anos. A alta é de 192% em relação ao mesmo trimestre de 2018 (R$ 6,72 bilhões) e de 135% ante 2019 (R$ 8,36 bilhões). Em relação a 2020, o rendimento aumentou 77% (R$ 11,1 bilhões). Houve ainda um incremento de 4,3% em relação ao ano passado (R$ 18,8 bilhões). Na comparação com o primeiro trimestre de 2020 (R$ 8,5 bilhões), o avanço é de 130,6%.

À medida que o home office ganhou mais adesões, quantidade de trabalhadores na modalidade subiu até se estabilizar

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Crédito: Envato

De acordo com o estudo, houve aumento de 76,3% no número de trabalhadores em home office em comparação com o terceiro trimestre de 2018. À medida que essa modalidade de trabalho ganhou maior adesão, a quantidade de trabalhadores subiu, para então se estabilizar no patamar de 6 milhões.

Em relação ao terceiro trimestre de 2019, o número de profissionais trabalhando em casa subiu 50%. O avanço diminuiu para 36,6% em relação ao mesmo período de 2020 e para apenas 0,3% em comparação a 2021. Já em relação ao trimestre terminado em março de 2020, que foi quando começou a pandemia, o aumento foi de 50,1%. Em comparação com o segundo trimestre deste ano, o avanço foi de apenas 1,04%.

O pico no número de profissionais em home office foi registrado no último trimestre de 2021: 6,59 milhões. O terceiro trimestre deste ano teve o segundo maior número em quatro anos. Desde o segundo trimestre de 2021, está naquele patamar dos 6 milhões.

Já a proporção de trabalhadores exercendo suas profissões de casa dentro do total de ocupados é atualmente de 6,7%. O pico foi alcançado no segundo trimestre de 2021: 7,37%.

Pesquisas anteriores mostraram que o home office se concentra em profissionais qualificados e com maiores níveis de instrução, o que corrobora a análise de Imaizumi.

Um estudo divulgado pelo Instituto Brasileiro de Economia (FGV Ibre) mostrou que menos de um em cada cinco trabalhadores brasileiros tinham condições de trabalhar remotamente.

De acordo com a pesquisa, o trabalho remoto efetivamente adotado atingiu um pico de 10,4% do emprego durante a pandemia, número relativamente baixo e que pode indicar que o potencial seja ainda mais baixo.

Já outro levantamento do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) mostrou que o trabalho remoto predomina entre mulheres (58,3%), pessoas brancas (60%), com nível superior completo (62,6%) e na faixa etária entre 20 e 49 anos (71,8%).

Segundo o Ipea, enquanto as ocupações com potencial de serem realizadas de forma remota representavam 24,1% da força de trabalho, elas eram responsáveis por 40,4% da massa de rendimentos total (soma dos rendimentos recebidos de todas as pessoas ocupadas).

Além disso, pesquisas mais recentes mostram que a adesão ao trabalho remoto se estabilizou nos últimos meses, mas o setor de tecnologia é o que mais tem aderido à modalidade. Isso porque a própria atividade possibilita que o profissional possa trabalhar de casa e, também, é uma forma de atrair profissionais em meio à dificuldade de contratação de mão de obra especializada. O setor financeiro vem em segundo lugar. Dentro dos anúncios das vagas de emprego, as que trazem home office na descrição não passam de 10%.

Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias e da reportagem do G1

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