O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) embarcaria neste sábado (25) para a China, onde deve fechar uma série de acordos comerciais com o maior parceiro comercial do Brasil. No entanto, depois de ser diagnosticado com uma pneumonia pela equipe médica do Hospital Sírio-Libanês de Brasília, o petista teve que adiar a viagem à China por 24 horas, com o intuito de acompanhar a evolução ou não do quadro. Ele está sendo tratado com antibióticos.
Ontem à noite (23), o presidente foi ao hospital e, por recomendação médica, suspendeu a agenda desta manhã (24) para ficar descansando no Palácio da Alvorada. “O Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, está no Alvorada após exames no hospital Sírio-Libanês ontem à noite. O presidente está com pneumonia leve e irá, por conta disso, adiar para domingo o início da sua viagem para a China”, diz nota da Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom).
Um dos principais médicos de Lula, o cardiologista Roberto Kalil Filho desembarcou em Brasília nesta manhã para atender o presidente da República, como informou a coluna de Igor Gadelha, do Metrópoles.
Na China, Lula será acompanhado de uma enorme comitiva composta por ministros, empresários e parlamentares, refletindo a importância do reestreitamento de laços com o gigante asiático.
Será fechada uma série de acordos, incluindo um de combate à fome e a extrema pobreza. Na área comercial, o Brasil vai firmar com a China um acordo de cooperação e intercâmbio em tecnologias de semicondutores, 5G, 6G e as próximas gerações de redes móveis, inteligência artificial e células fotovoltaicas (para geração de energia solar).
Os acordos envolvem os ministérios de Ciência e Tecnologia, Comunicações e Anatel, e preveem capacitação em desenvolvimento de aplicativos, nuvem, internet das coisas e algoritmos em aplicativos para a indústria.
Importante lembrar que essas tecnologias estão no centro da disputa tecnológica entre Estados Unidos e China.
Os chineses devem acenar com possibilidade de cooperação em fábricas de semicondutores no Brasil, com produção voltada para o mercado brasileiro. O Brasil tem, hoje, 11 grandes empresas na cadeia de produção de semicondutores.
Durante a visita à China, Lula vai visitar a gigante de telecomunicações Huawei, que esteve no centro da polêmica entre o país asiático e os Estados Unidos, que chegaram a pressionar o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) a vetá-la como fornecedora de equipamentos no leilão do 5G no Brasil, alegando que não têm segurança e podem ser alvo de espionagem.
Lula deve visitar também as sedes ou se reunir com os presidentes da BYD, montadora de carros elétricos, que deve adquirir instalações da Ford na Bahia; da State Grid, de energia; e da construtora China Communications Construction Company (CCCC).
Além do setor de tecnologia, viagem de Lula à China celebrará acordos em diversas áreas, como na agricultura e aviões
Pode-se dizer que a viagem à China já começou. O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, já está no país selando acordos comerciais nessa seara. Em seu primeiro dia de visita ao gigante asiático ontem (23), os chineses já suspenderem o embargo à importação de carne bovina do Brasil. As autoridades sanitárias chinesas também anunciaram a habilitação de mais quatro frigoríficos brasileiros para a venda do produto ao país asiático.
Em entrevista ao jornal O Globo, Fávaro disse que a China é um grande parceiro e a relação comercial entre os dois países deve ser tratada “com muita sobriedade”.
Questionado sobre o fato de o gigante asiático estar buscando autossuficiência na produção de soja, o que poderia prejudicar o mercado brasileiro, ele disse ser “legítimo o desejo da China de expandir sua produção de soja, de buscar uma menor dependência”. Mas enfatizou que o mercado se regula. “O Brasil é altamente competitivo, tomamos medidas para que isso aconteça, como infraestrutura cada vez mais eficiente, a adoção de novas tecnologias, que aumentam muito a produtividade”, frisou.
O ministro disse que outros produtos do setor agrícola podem encontrar espaço no mercado chinês, como uvas, noz-pecã e gergelim. “Todos esses estão no protocolo, continuam os estudos técnicos, por isso nós antecipamos nossa vinda, para intensificarmos as negociações do que será ampliado na presença do presidente Lula e do presidente Xi Jinping. Algumas aberturas de mercado que podem ser anunciadas incluem farinha de ossos, frangos e suínos. Isso é uma indústria brasileira de resíduos animais muito promissora. Estou confiante no pecã, talvez gergelim”, disse.
Outra importante negociação na China diz respeito à Embraer, que está sem vender aeronaves aos chineses há cinco anos.
Segundo reportagem do jornal O Globo, a fabricante pode virar o jogo durante a viagem do presidente Lula à China. Quatro interlocutores envolvidos com a visita ouvidos pela reportagem disseram que os chineses poderão adquirir 20 jatos comerciais da empresa brasileira.
Procurada pelo O Globo, a Embraer não quis se pronunciar. Mas a informação obtida com fontes do governo e do setor privado é que as negociações estão em curso e a expectativa é que sejam concluídas na semana que vem.
Redação ICL Economia
Com informações do site Metrópole, O Globo e Folha de S.Paulo