O ex-presidente Jair Bolsonaro prestou depoimento ontem (5), por cerca de três horas, na sede da Polícia Federal (PF), em Brasília. Durante o período em que ficou frente a frente com os delegados responsáveis pelo caso, Bolsonaro foi questionado sobre os kits de joias recebidos do governo da Arábia Saudita em visita oficial ao país durante seu mandato. O teor do depoimento está sob sigilo e, portanto, não foi divulgado.
Para o depoimento de Bolsonaro, a área em frente à PF foi isolada e um forte esquema de segurança foi montado com homens da corporação e da Polícia Militar. Não houve manifestação de apoiadores em frente ao edifício.
Anteontem, a defesa de Bolsonaro informou ter devolvido, no dia 4, a terceira caixa de joias recebida da Arábia Saudita em 2019. As joias foram entregues à Caixa Econômica Federal.
Os advogados de Bolsonaro já haviam devolvido o segundo estojo, também por ordem do TCU, que contém um relógio, uma caneta, abotoaduras, um anel e um tipo de rosário da marca suíça Chopard, avaliados em R$ 500 mil.
Ligação de joias sauditas com privatização é alvo de denúncia no Ministério Público
Por conta desse caso das joias, a FUP (Federação Única dos Petroleiros) acionou o Ministério Público Federal para investigar eventual relação entre as joias e a privatização da Refinaria Landulpho Alves (Rlam), na Bahia.
Do mesmo modo, a Comissão de Transparência, Governança, Fiscalização e Controle e Defesa do Consumidor (CTFC) do Senado, presidida por Omar Aziz (PSD-AM), também investiga a suspeita de propina envolvendo a Rlam.
A refinaria da Petrobras foi vendida a um fundo dos Emirados Árabes, em dezembro de 2021, pela metade do seu valor de mercado.
As joias femininas, entre outras joias, chegaram ao Brasil um mês antes da conclusão do negócio. De acordo com os petroleiros, a própria Petrobras aguarda a renovação do Conselho de Administração, no final deste mês, para também abrir investigação sobre o caso.