Em seu encontro oficial com o líder da China, Xi Jinping, nesta sexta-feira (14), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) teve a preocupação de reiterar cordialidade e amizade entre China e Brasil, desfazendo assim a péssima impressão deixada pelo governante brasileiro anterior. Jair Bolsonaro atacou os chineses com mentiras e provocações gratuitas durante quatro anos de seu mandato. “Não temos preconceito com o povo chinês”, afirmou Lula.
O cerimonial em Pequim recepcionou a delegação brasileira ao som da música Novo Tempo, de Ivan Lins.
O brasileiro deu a declaração no encontro no Grande Palácio do Povo, sede do governo chinês, em Pequim. “Ninguém vai proibir que o Brasil aprimore sua relação com a China”, continuou. Ontem o chefe de governo brasileiro visitou o centro de desenvolvimento da gigante de tecnologia Huawei, pivô de uma recente e intensa “guerra tecnológica” com os Estados Unidos.
“Ontem fizemos visita à Huawei, em uma demonstração que queremos dizer ao mundo que não temos preconceito com o povo chinês. E que ninguém vai proibir que o Brasil aprimore sua relação com a China”, disse.
Lula e Xi Jinping assinaram 15 acordos bilaterais. Entre eles, um que incentiva mecanismos para ampliar o comércio entre os dois países e o desenvolvimento da pesquisa e da inovação, o que já existe (veja lista abaixo).
Ucrânia na pauta
No Twitter, a embaixada chinesa no Brasil se pronunciou dizendo que “o presidente Xi expressou a sua disposição de trabalhar com o presidente Lula para conduzir e criar um novo futuro para as relações China-Brasil na nova era, e a sua confiança de que uma relação China-Brasil, que continua a desfrutar de um crescimento sólido e estável, deverá desempenhar um papel importante e positivo para a paz, estabilidade e prosperidade em suas regiões e além”.
Segundo o site Poder360, que enviou equipe de reportagem à China, os dois líderes concordaram ser necessário construir um “plano de paz” para a guerra entre a Rússia e a Ucrânia. Lula afirmou que o Brasil quer participar da construção de soluções para o conflito. Ao estilo chinês, Xi disse que preferia falar do tema mais reservadamente, mas concordou que é preciso um plano para pôr fim à guerra, segundo a reportagem.
O tema também foi abordado pelo jornal note-americano The New York Times, em matéria intitulada “Presidente do Brasil discutirá sua proposta de paz com o líder da China”. No texto, a versão online do diário destacou que “Xi Jinping, o principal líder da China, deu ao presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, um tapete vermelho de boas-vindas a Pequim, com pompa militar, antes de realizar conversas que devem incluir uma discussão de possíveis planos de paz para a Ucrânia”.
Confira a lista dos acordos assinados entre China e Brasil
- Memorando sobre o grupo de trabalho de comércio entre o Ministério das Relações Exteriores e o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços do Brasil e o Ministério do Comércio da China;
- Protocolo sobre o desenvolvimento conjunto do satélite Cbers-6 entre sobre cooperação em aplicações pacíficas de ciência e tecnologia do espaço exterior;
- Memorando sobre cooperação em pesquisa e inovação entre os ministérios de Ciência e Tecnologia dos dois países;
- Memorando de entendimento entre os dois governos sobre cooperação em tecnologias da informação e comunicação;
- Memorando de entendimento para a promoção do investimento e cooperação industrial;
- Memorando de entendimento sobre o fortalecimento da cooperação em investimentos na economia digital;
- Memorando de entendimento entre o Ministério da Fazenda do Brasil e o Ministério das Finanças da China;
- Memorando sobre cooperação em informação e comunicações entre os ministérios do setor;
- Acordo de coprodução televisiva;
- Memorando de entendimento entre mídia da China e Secretaria de Relações Institucionais da Presidência do Brasil;
- Acordo de cooperação entre agência de notícias Xinhua e EBC;
- Memorando de cooperação para o desenvolvimento social e rural e combate à fome e à pobreza;
- Plano de cooperação espacial 2023-2032 entre a Administração Espacial Nacional da China e a Agência Espacial Brasileira;
- Plano de trabalho Brasil-China de cooperação na certificação eletrônica para produtos de origem animal;
- Protocolo sobre requisitos sanitários e de quarentena para proteína processada de animais terrestres a ser exportada do Brasil para a China.