A conjuntura favorável da economia global tem ajudado o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Para 2023, muitos analistas projetavam uma atividade mundial mais fraca, mas não é o que tem acontecido, e esse movimento tem ajudado, por exemplo, a balança comercial brasileira. Tanto que as projeções para este ano é de superávit recorde acima de US$ 70 bilhões para o Brasil.
Embora o cenário atual seja totalmente diferente daquele enfrentado pelo petista, principalmente em seu primeiro mandato à frente da Presidência (2003-2006), a economia mundial tem dado mostras de resiliência, fazendo com que analistas tentem entender de onde a atividade global tirou forças.
A explicação de analistas para o cenário atual está em duas frentes: a injeção de estímulos, tanto fiscais quanto monetários, dada por governos das nações mais ricas para enfrentar o período de pandemia de Covid-19, e a poupança feita pelas famílias durante o confinamento forçado.
Outra explicação é que, este ano, o mundo se beneficiou da rápida reabertura econômica da China, após fechamento para controlar a expansão do coronavírus com a política Covid Zero. “Esse movimento de reabertura foi agressivo, puxando as projeções de crescimento do país, que hoje estão próximas de 6%”, disse ao jornal O Estado de S.Paulo Eduardo Jarra, economista-chefe da Santander Asset Management.
Economia global: China ajudou o Brasil no primeiro governo Lula e pode ajudar o petista novamente no terceiro mandato
A China é o principal parceiro comercial do Brasil. A parceria é tão importante que, em abril, Lula e grande comitiva estiveram na China, onde foram recebidos com toda pompa. O presidente brasileiro e seu par chinês Xi Jinping assinaram 15 acordos bilaterais, entre os quais um que incentiva mecanismos para ampliar o comércio entre os dois países e o desenvolvimento da pesquisa e da inovação.
Graças ao papel de grande importadora de produtos básicos, como soja e minério de ferro, a China desempenhou papel extremamente importante para a economia brasileira no início dos anos 2000. Foi por essa época que o gigante asiático e hoje a segunda maior economia do mundo ingressou no comércio internacional e passou a crescer de forma mais acelerada, com avanço do PIB (Produto Interno Bruto) que superou a casa dos 10%.
De 2001 a 2022, as exportações de produtos básicos do Brasil cresceram de US$ 23,8 bilhões para US$ 158,9 bilhões, de acordo com dados tabulados pela Funcex (Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior) e publicados pelo Estadão.
Embora tenha havido uma queda nos preços de determinadas commodities, principalmente de grãos, devido à desaceleração provocada pela pandemia, analistas avaliam que o Brasil tem conseguido driblar a questão dos preços vendendo em mais quantidade.
“O Brasil está performando bem por conta própria, pelos próprios méritos”, apontou Fabio Akira, economista-chefe da BlueLine Asset, ao Estadão. ”Houve um choque de oferta no setor exportador. É o que chamo de milagre de multiplicação. Consegue dar uma turbinada no PIB, simultaneamente alivia a inflação e beneficia as contas externas.”
A ajuda do agronegócio foi essencial para o país registrar um crescimento para 1,9% do PIB do primeiro trimestre deste ano em relação ao mesmo período do ano anterior, e tem sido fundamental aos resultados da balança comercial.
Os números da balança comercial brasileira fizeram com que o economista-chefe do Instituto de Finanças Internacionais (IIF, na sigla em inglês), Robin Brooks, postasse em uma rede social que o Brasil caminha para se tornar “a Suíça da América Latina”. “Está surgindo um enorme superávit comercial, diferente de qualquer outro país da região. Isso vai dar ao Brasil estabilidade externa e uma moeda forte”, publicou ele no Twitter.
Balança comercial vai ajudar setor externo brasileiro como um todo
A expectativa de economistas é que os resultados da balança comercial contribuam para melhorar o resultado do setor externo brasileiro como um todo. O banco Itaú calcula que o déficit em conta corrente do Brasil deve recuar dos atuais 2,7% do PIB no acumulado em 12 meses para 1,7% do PIB ao fim de 2023.
O setor externo brasileiro também se beneficia de uma situação confortável no volume de investimentos diretos no país (IDP). Em 12 meses até abril, o IDP somou US$ 82 bilhões (ou 4,17% do PIB), um pouco abaixo do apurado em março (US$ 89,7 bilhões ou 4,57% do PIB), mas muito superior ao verificado em abril de 2022 (US$ 54,3 bilhões ou 3,12% do PIB).
Redação ICL Economia
Com informações de O Estado de S.Paulo