O Banco Central divulgou, nesta segunda-feira (26), que as contas externas do país registraram um rombo de US$ 12,64 bilhões de janeiro a maio deste ano, resultado menor que o registrado no mesmo período de 2022 (US$ 21,09 bilhões), graças ao bom desempenho da balança comercial brasileira no início do ano.
O resultado em transações correntes, um dos principais indicadores sobre o setor externo do país, é formado por balança comercial (comércio de produtos entre o Brasil e outros países), serviços (adquiridos por brasileiros no exterior) e rendas (remessas de juros, lucros e dividendos do Brasil para o exterior).
Em maio, as contas externas apresentaram superávit de US$ 649 milhões, contra um déficit de US$ 4,63 bilhões no mesmo mês de 2022.
No mês passado, a balança comercial brasileira registrou superávit de US$ 11,38 bilhões, crescimento de 129,5% em relação ao mês anterior. É o quinto resultado positivo em 2023 e o maior saldo mensal desde 1989, segundo os dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços. O resultado positivo (exportações maiores que importações) foi puxado pelo agronegócio do país.
O déficit em transações correntes nos doze meses encerrados em maio de 2023 somou US$ 48,5 bilhões (2,45% do PIB – Produto Interno Bruto), ante US$ 53,8 bilhões (2,73% do PIB) no mês anterior e US$ 51,2 bilhões (2,89% do PIB) em maio de 2022.
Para este ano, o Banco Central projeta um rombo de US$ 49 bilhões nas contas externas.
Contas externas: investimentos estrangeiros diretos também registram queda nos cinco primeiros meses do ano
Ainda de acordo com o Balanço de Pagamentos divulgado pelo BC hoje, os investimentos estrangeiros diretos na economia brasileira também registraram queda nos primeiros cinco meses deste ano, para US$ 29,69 bilhões, ante US$ 37,82 bilhões na mesma base de comparação do ano passado.
Somente em abril, os investimentos diretos no país totalizaram US$ 5,38 bilhões, contra US$ 3,96 bilhões no mesmo mês de 2022.
A entrada de investimentos no país geralmente está relacionada com o comportamento do PIB, que cresceu 1,9% no primeiro trimestre deste ano, na comparação com o último trimestre do ano passado, graças ao crescimento de 21,6% da Agropecuária. Foi a maior alta para o setor desde o quarto trimestre de 1996.
Apesar do bom resultado, a alta taxa básica de juros do Brasil, de 13,75% ao ano, contribui para esfriar o crescimento da economia e o BC não dá sinais de quando iniciará a trajetória de queda da Selic.
Sobre os investimentos estrangeiros diretos, o BC estima uma entrada de US$ 75 bilhões neste ano, valor um pouco menor que o estimado pelo mercado financeiro no Boletim Focus divulgado hoje, de ingresso de US$ 78,8 bilhões.
Em relação aos gastos de brasileiros no exterior, eles somaram US$ 1,2 bilhão em maio deste ano, ante US$ 1,09 bilhão na mesma base de comparação do ano passado.
As despesas de brasileiros no exterior ainda não retomaram um patamar de normalidade pré-pandemia. Em março de 2018 e 2019, por exemplo, esses gastos somaram US$ 1,52 bilhão e US$ 1,32 bilhão, respectivamente.
Nos cinco primeiros meses deste ano, as despesas no exterior somaram US$ 5,66 bilhões, contra US$ 4,78 bilhões no mesmo período de 2022.
As despesas de brasileiros fora do país são influenciadas por fatores como o nível de atividade econômica e o preço do dólar, usado nas transações internacionais.
Em 2022, a moeda norte-americana fechou em queda de 5,3%, cotada a R$ 5,28. Apesar disso, ainda permaneceu bem acima do patamar de 2019 (R$ 4,01). Na sexta-feira passada (23), o dólar fechou em R$ 4,77.
Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias