Em meio ao tiroteio deflagrado por causa da atual política monetária de juros altos, o Senado vai sabatinar na próxima terça-feira (4) dois indicados pelo governo para integrar a diretoria do Banco Central (BC). As sabatinas serão realizadas pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE).
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) indicou o economista Gabriel Muricca Galípolo e o advogado Ailton de Aquino Santos. Eles deverão substituir, respectivamente, Bruno Serra Fernandes (diretor de Política Monetária) e Paulo Sérgio Neves de Souza (diretor de Fiscalização).
De confiança de Haddad
Exonerado no último dia 20, Galípolo era secretário-executivo do Ministério da Fazenda. Já tinha trabalhado como assessor de Fernando Haddad na prefeitura de São Paulo. Passou também pela Federação das Indústrias do Estado (Fiesp) e pelo Banco Fator. O relator da indicação é o senador Otto Alencar (PSD-BA).
O ex número 2 de Haddad é visto como sinal do início de mudança na composição do BC. A curto prazo, pode representar abertura de divergência nas posições do Comitê de Política Monetária (Copom), geralmente unânimes. Representantes do governo, a começar do próprio Lula, fazem críticas constantes ao atual presidente do BC, Roberto Campos Neto, pela manutenção da taxa básica de juros em 13,75% ao ano.
Sem mexer nos juros
Já Aquino Santos é servidor de carreira do próprio BC desde 1998. Ali, já chegou a ocupar a função de auditor-chefe. Sua indicação é relatada pelo senador Irajá (PSD-TO). Será o primeiro negro na direção do banco.
O Copom já se reuniu quatro vezes sob o atual governo. Apesar das pressões e dos protestos, continuou mantendo a taxa Selic em 13,75%. A próxima reunião está marcada para 1º e 2 de agosto. A expectativa é de início de uma inflexão a partir do segundo semestre.