O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) confirmou, na semana passada, que vai à cúpula dos países da Celac (Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos) e da União Europeia (UE), em 17 e 18 de julho, em Bruxelas (Suíça). A viagem é considerada como oportuna pelo petista para articulação do acordo comercial entre Mercosul e UE.
As negociações estão emperradas devido a divergências na área ambiental. Lula já prometeu concluir o acordo ainda em 2023, mas disse que os termos atuais são impossíveis de serem aceitos, defendendo uma renegociação.
O Brasil retornou em janeiro à Celac, fórum inaugurado em 2011, no Chile, e formado por 33 países da América Latina e do Caribe, mas abandonado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
No encontro de Bruxelas, o principal impasse é um anexo ao texto, chamado de “side letter”, proposto pelos europeus no início deste ano, que tornaria obrigatórios alguns compromissos ambientais antes voluntários.
Celac: UE quer que a exportação de commodities seja vista como uma violação passível de sanções
A Europa quer que a exportação de commodities, com problemas ambientais, seja vista como uma violação passível de sanções. Já o governo brasileiro considera as condições muito rígidas e vem subindo o tom das críticas.
“Não é possível que haja uma carta adicional fazendo ameaças a parceiro estratégico”, disse o petista na França, no mês passado. Juntos, Mercosul e UE respondem por cerca de 25% do PIB mundial, abrangendo uma população de 750 milhões de pessoas.
Lula confirmou a participação ao premiê da Espanha, Pedro Sánchez. Foi a primeira conversa entre ambos após assumirem, respectivamente, as presidências do Mercosul e do Conselho da UE. Por telefone, o espanhol reiterou a Lula o convite à cúpula Celac-UE, segundo nota divulgada pelo Itamaraty.
A nota informa que “Sánchez falou ainda sobre o Fórum Empresarial, previsto para o dia 17, e convidou o presidente Lula para realizar a abertura do evento ao lado dele e da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen. No fórum, deverão ser anunciados novos investimentos europeus na América Latina”.
Em março, o embaixador da UE no Brasil, o espanhol Ignacio Ybáñez disse para a reportagem da Folha de S Paulo que o encontro em Bruxelas seria o momento ideal para tirar o acordo entre os dois blocos do papel.
Negociado oficialmente desde 1999, o acordo Mercosul-União Europeia foi concluído em 2019, no primeiro ano do governo de Jair Bolsonaro (PL), mas ainda não foi ratificado pelos dois blocos.
Redação ICL Economia
Com informações da Folha de S Paulo e agências de notícias