O Indicador Ipea de Inflação por Faixa de Renda referente a agosto manteve a tendência dos últimos meses, com taxas menores para as famílias de renda mais baixa. Os dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgados nesta quinta-feira (14) mostram que, enquanto os preços dos bens e serviços consumidos pelo grupo de renda muito baixa avançaram, em média, 0,13% no mês, a variação média registrada no segmento de renda alta foi de 0,24%. A maior taxa de inflação foi observada entre as famílias de renda média-alta (0,32%).
No acumulado do ano até agosto, as famílias de renda muito baixa tiveram a menor taxa de inflação (2,32%), enquanto a maior variação ocorreu nos domicílios de renda alta (3,79%), conforme a tabela abaixo:
Na desagregação por grupos, o principal alívio inflacionário em agosto veio das deflações de “alimentos e bebidas”. A queda expressiva dos preços dos alimentos no domicílio possibilitou uma forte descompressão sobre os índices de inflação, sobretudo para as famílias com renda mais baixa, devido ao peso desses itens em suas cestas de consumo. As principais quedas de preços registradas no mês foram: tubérculos (-7,3%), carnes (-1,9%), aves e ovos (-2,6%) e leites e derivados (-1,4%).
Reajuste na tarifa de energia elétrica causou impacto na inflação
No grupo “habitação”, por sua vez, o reajuste de 4,6% das tarifas de energia elétrica ocasionou um impacto inflacionário mais forte para os segmentos de menor poder aquisitivo. Em relação ao grupo “transportes”, em que pese a alta de 1,2% da gasolina, que contribuiu especialmente para a inflação das classes de renda média, a queda de 11,7% nos preços das passagens aéreas, gerou alívio inflacionário para as famílias de renda alta. Os aumentos de 0,78% dos planos de saúde e de 0,81% dos artigos de higiene pessoal explicam a pressão exercida pelo grupo “saúde e cuidados pessoais”, em agosto.
A comparação com agosto de 2022 mostra que, mesmo diante de uma trajetória mais benevolente dos alimentos (com queda de 1,26% neste ano, ante variação de 0,01%, em 2022), houve uma piora no comportamento da inflação para todas as faixas de renda no mês. Esse desempenho menos favorável da inflação corrente, em relação ao ano passado, foi significativamente pior para as faixas de renda mais elevadas, refletindo, em especial, o contraste entre o reajuste de 1,2% da gasolina em agosto de 2023 e a taxa bem menor no ano passado (-11,6%), possibilitada pela desoneração ocorrida no mesmo período de 2022.
Os dados acumulados em doze meses encerrados em agosto revelam que todas as classes de renda registraram aceleração em suas curvas de inflação. Em termos absolutos, as famílias de renda muito baixa são as que apresentam a menor taxa de variação no período (3,7%), enquanto a mais elevada está no segmento de renda alta (5,9%). A maior pressão inflacionária nos últimos doze meses reside no grupo “saúde e cuidados pessoais”, impactado pelos reajustes de 5,9% dos produtos farmacêuticos, de 10,2% dos artigos de higiene e de 13,7% dos planos de saúde.
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Do Ipea