Confiança do consumidor mais pobre sobe com perspectiva de crescimento da economia, aponta FGV Ibre

Já para o consumidor mais rico, perspectiva de queda na taxa de juros, que impacta mais a compra de itens mais caros, contribui para a melhora do humor.
15 de setembro de 2023

Os bons dados econômicos recentes da economia brasileira estão contribuindo para a melhora da confiança do consumidor brasileiro. Sondagem do Consumidor FGV Ibre (Instituto Brasileiro da Economia da Fundação Getúlio Vargas) de agosto mostra que, do lado das pessoas com renda mais baixa, a melhora no humor ocorre devido à perspectiva de crescimento econômico, com preços mais baixos de itens de consumo e mais oportunidades no mercado de trabalho na sequência. Já do lado dos mais ricos, esse otimismo vem com a perspectiva de queda da taxa básica de juros (Selic), atualmente em 13,25% ao ano.

O resultado geral do levantamento aponta que, quando questionados sobre os diferentes fatores que contribuíram para a melhora das expectativas, os entrevistados mencionaram principalmente a tendência de queda dos juros (50,6%) e as boas perspectivas de crescimento da economia (48,4%).

No entanto, no recorte por renda, os motivos que levam ao otimismo mudam um pouco. No grupo com rendimento familiar mensal de até R$ 2.100 (Faixa 1), as boas perspectivas de crescimento da economia foram citadas por 41,7% dos entrevistados. Na sequência, vieram alívio dos preços de itens de consumo (36%) e melhora das expectativas para o mercado de trabalho (35%).

Já no grupo com renda familiar de R$ 2.100,01 a R$ 4.800 (Faixa 2), as perspectivas de crescimento da economia também lideraram as respostas (49,7%), seguidas por mercado de trabalho (42,4%) e alívio dos preços (38,6%).

Nos grupos com renda maior (Faixas 3 e 4) – cujo rendimento varia de R$ 4.800,01 a R$ 9.600 na primeira e acima disso na segunda – a expectativa de queda dos juros ocupou o topo das respostas nas duas, com 57,7% e 73,6%, respectivamente.

Ao jornal Folha de S.Paulo, a economista Anna Carolina Gouveia, uma das pesquisadoras do FGV Ibre responsáveis pelo levantamento, explicou que a taxa de juros mais alta impacta a compra de itens mais caros pela população de renda maior.

“As pessoas com renda maior podem comprar bens mais caros, que podem ser parcelados, como um carro ou um imóvel. A taxa de juros está muito embutida nesse tipo de compra”, disse.

Na outra ponta, o crescimento econômico reflete uma percepção do consumidor de renda mais baixa, que sente mais o “alívio recente de preços, que impacta a cesta de consumo, e à melhora gradativa do mercado de trabalho”, pontuou.

Otimismo com política econômica do governo no futuro é citada como motivo para o aumento da confiança do consumidor

Quando incitados a mencionar apenas um motivo que os fazem ter otimismo com o futuro, 23,3% dos entrevistados mencionaram a política econômica do governo.

“Há uma convergência para a confiança na política econômica do governo, mas não é um resultado que chama tanta atenção. Foi respondido por pouco mais de 20% dos consumidores”, ponderou Gouveia à Folha.

Na sequência estão expectativa de queda de juros (19,6%) e as boas perspectivas de crescimento econômico (15,8%).

Quando se dividem os consumidores em grupos, a confiança na política econômica do governo foi a opção citada por 20,9% das pessoas na Faixa 2 (R$ 2.100,01 a R$ 4.800) e por 30,1% daquelas que estão na Faixa 3 (R$ 4.800,01 a R$ 9.600).

Por sua vez, o alívio nos preços foi o fator mais apontado (25%) entre os consumidores de renda mais baixa (Faixa 1 – até R$ 2.100), enquanto 30,5% dos ricos inclusos na Faixa 4 (acima de R$ 9.600) mencionaram a queda dos juros.

Ainda em relação à taxa básica de juros, a sondagem questionou sobre o quanto a perspectiva de redução dos juros nos próximos meses poderá beneficiar as famílias.

De modo geral, 61,9% dos entrevistados escolheram a opção que aponta que a queda dos juros poderá gerar melhores perspectivas para empregos e salários, uma vez que os juros mais baixos pode elevar os investimentos por parte das empresas.

Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias e da Folha de S.Paulo

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