O povo da Faria Lima vai ter que engolir essa. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para quem os “faria limers” sempre torceram o nariz, foi eleito o melhor ministro da Economia da América Latina e Caribe pela Latin Finance, revista especializada nos mercados financeiros e economias da região. Mas é importante dizer que a publicação também escolheu Roberto Campos Neto o melhor presidente de Banco Central.
Ao agraciar Haddad com a premiação, a revista destacou que ele ganhou o prêmio por “por sua capacidade de aprovar reformas”, graças ao seu “estilo moderado e pragmático em um ambiente político polarizado”.
A publicação ainda destacou que esse conjunto de fatores contribuiu para que a economia do Brasil crescesse “mais rapidamente do que o esperado”.
Em longo artigo publicado sobre Haddad, a publicação diz: “Quando Fernando Haddad tomou posse como ministro das Finanças do Brasil no início do ano, tinha muita coisa contra ele. Havia uma preocupação generalizada entre os investidores de que o novo governo de Luiz Inácio Lula da Silva gastaria de forma extravagante, tal como o seu Partido dos Trabalhadores fez no passado. Mas isso não aconteceu totalmente, em parte graças a Haddad”.
Ainda segundo a publicação, Haddad conseguiu obter “aprovação para reformas econômicas fundamentais e construir credibilidade no novo governo”, o que fez com a economia crescesse como vemos hoje.
Haddad participou da reunião do FMI (Fundo Monetário Internacional), ocorrida na semana passada, em Marrakech, no Marrocos. Campos Neto também esteve lá.
O prêmio foi anunciado, na sexta-feira passada (13), na reunião anual do fundo, que reúne ministros de finanças e chefes de bancos centrais de 189 países.
Em seu perfil oficial na rede social X (ex-Twitter), Haddad postou: “O prêmio concedido pela LatinFinance [publicação especializada nos mercados financeiros e economias da América Latina e do Caribe] reflete o esforço conjunto e articulado para o crescimento econômico sustentável no Brasil. Agradeço toda a equipe técnica do Ministério da Fazenda, ao Presidente Lula e todos os atores que deixam de lado nossas poucas diferenças e enxergam nossas muitas concordâncias como nação e como atores globais”.
Latin Finance elogia o “hábil manejo da política monetária” de Campos Neto
Escolhido pelo antecessor de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na Presidência, Campos Neto foi alvo de críticas desde o começo do governo Lula por manter a taxa básica de juros (Selic) em níveis elevados mesmo quando poderia ter capitaneado o início do ciclo de baixa.
A Selic começou a baixar somente em agosto, na primeira reunião em que participaram Gabriel Galípolo, diretor de Política Monetária do Banco Central e ex-número 2 da Fazenda, e Ailton Aquino, diretor de Fiscalização, os primeiros indicados do governo Lula para integrarem a diretoria do BC.
A taxa básica de juros saiu de um patamar de 13,75% ao ano para os atuais 12,75%. Foram dois cortes de 0,50 ponto percentual cada e o mercado financeiro espera mais dois cortes desses até o fim do ano.
No mês passado, em um sinal de paz entre Lula e Campos Neto, este último solicitou reunião com Lula. O encontro foi mediado por Haddad. O conteúdo do encontro não veio a público, mas o que se sabe até agora é que eles se encontrarão com mais frequência.
Mas, em entrevista ao programa Conversa com Bial, na TV Globo, no começo deste mês, o presidente do BC disse que prestou mais atenção do que falou no encontro com Lula, e comparou as personalidades do atual presidente e do anterior.
“O Lula gasta mais tempo prestando atenção no que você fala. Ele dedica mais tempo, tem mais paciência para as conversas”, disse Campos Neto. “Bolsonaro [Jair Bolsonaro] era mais rápido. Eu sempre sabia que, quando tinha uma conversa com Bolsonaro, eu tinha 3 minutos para falar alguma coisa. Depois dos 3 minutos, ia ser mais difícil, porque ele ficava mais disperso”, completou.
Para eleger Campos Neto melhor presidente de Banco Central da América Latina, a publicação elogiou o “hábil manejo da política monetária”, possibilitando a redução das taxas de juros antes das economias desenvolvidas.
Walter Molano, economista-chefe da BCP Securities, é citado na entrevista, descrevendo a performance de Campos Neto como “de longe” a melhor entre os chefes de bancos centrais da América Latina e Caribe.
O prêmio é concedido com base em consultas a investidores e analistas do mercado da região. No ano passado, Campos Neto já tinha recebido o mesmo prêmio.
Na rede X do Banco Central, há um post com data de sexta-feira passada que traz uma fala de Campos Neto: “Muito bom ver mais um reconhecimento internacional do trabalho do Ministério da Fazenda e do Banco Central. Parceria bem-sucedida em benefício do Brasil. Parabéns, ministro @Haddad_Fernando”, celebrou Campos Neto.
Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias