A alta da taxa básica de juros no Brasil e nos Estados Unidos pode diminuir ainda mais a atividade econômica, aumentando o desemprego e com pouco eficiência no controle do aumento dos preços dos alimentos e combustíveis, com consequências diferentes para a economia dos dois países.
Na quarta-feira passada, em 4 de maio, houve o aumento da taxa básica de juros Selic, de 11,75% para 12,75% ao ano no Brasil. Nos Estados Unidos, ocorreu a elevação de 0,5 ponto percentual do juro, no intervalo entre 0,75% e 1%, pelo Federal Reserve (Fed), banco central dos Estados Unidos.
Segundo o economista do Portal ICL Economia, André Campedelli, nos Estados Unidos, apesar do tombo inesperado no primeiro trimestre, os norte-americanos convivem com uma aceleração econômica recente que fez com que o nível de emprego da economia estivesse em níveis históricos de alta. Por isso, o FOMC (comissão que compõe o FED) garante que tal medida não deve afetar o nível de emprego dos estadunidenses.
Já no Brasil, desde o primeiro trimestre de 2021, não ocorre uma elevação considerável da atividade econômica, que ainda convive com uma elevada taxa de desemprego e que está custando a cair. “É importante ressaltar que o COPOM quase não toca no assunto desemprego em sua resposta sobre a Selic”, explica Campedelli.
A justificativa dada, pelos bancos centrais dos EUA e do Brasil, é de que a alta da taxa básica de juro é uma importante iniciativa para o combate inflacionário. Na avaliação de Campedelli, a afirmação não é completamente verdadeira pelo motivo de a inflação estar relacionada aos custos de produção e não ao excesso de demanda econômica.
“A alta da taxa de juro vai reduzir a atividade econômica do país e, talvez, aumentar a entrada de dívidas estrangeiras no Brasil. O efeito disso, para o controle inflacionário, deve ser muito baixo”, diz Campedelli.
Alta da taxa básica de juros nos EUA tem impacto na economia global
O efeito colateral do juro mais alto na economia norte-americana é preocupante por contagiar a economia global como um todo. “O cenário piora se pensarmos que os Estados Unidos acabaram de apresentar um primeiro trimestre surpreendentemente negativo, o que leva a crer que um aperto monetário pode derrubar ainda mais a economia do país”, explica Campedelli na newsletter semanal “Notícias Econômicas”.
No Brasil, com a economia estagnada, sem formação de emprego e com baixo desempenho na atividade econômica, agravado pela alta da inflação, o aumento da Selic reduzirá ainda mais o ritmo da economia, o que significa um desempenho preocupante para os próximos meses de 2022, explica Campedelli.
Redação ICL Economia
Com informações da newsletter semanal de Notícias Econômicas, distribuída a assinantes
