Na contramão da posição do governo da França, a Espanha e a Alemanha manifestaram-se, ontem (1º), a favor do acordo entre a União Europeia e o Mercosul, que vem sendo discutido há pelo menos duas décadas.
“Para a Espanha, o Mercosul é importante na relação econômica e geopolítica que devemos ter com um continente tão importante”, disse o primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez, a jornalistas em Bruxelas, após participar da Cúpula da União Europeia.
Por sua vez, o primeiro-ministro da Alemanha, Olaf Scholz, declarou-se “um grande fã” de acordos de livre-comércio. “Sou um grande fã de acordos de livre-comércio e também do Mercosul”, disse.
Desse modo, o presidente da França, Emmanuel Macron, segue isolado. Ele, que vem enfrentando protestos de produtores agrícolas, tem se posicionado contrário ao acordo entre os dois blocos.
Ontem, ao término da cúpula, ele confirmou que vai “continuar a se opor” ao acordo com o Mercosul e disse que já informou sua posição ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Ainda segundo Macron, “não precisa de um acordo” para comercializar com os sul-americanos e que qualquer tratado que venha a ser considerado terá de ser “honesto”.
O presidente Lula tem se empenhado para a celebração do acordo e já declarou que só vai desistir quando ouvir um “não” de todos os presidentes dos países do bloco europeu.
Além de Espanha e Alemanha, Portugal e a Comissão Europeia são favoráveis a tratado com o Mercosul
A França tem usado como argumento para barrar o acordo é que a Europa quer controlar como a produção agrícola no Brasil é realizada, em termos fitossanitários e ambientais. Somente debaixo desse controle rígido os europeus aceitariam que esses produtos ingressem no mercado europeu.
Além de Espanha e Alemanha, Portugal e a própria Comissão Europeia já se manifestaram favoravelmente ao acordo. O governo francês, ao que parece, é minoria entre os 27 membros da UE.
Na semana passada, segundo reportagem do UOL, os negociadores europeus cederam e aceitaram algumas das principais exigências do Brasil no acordo, o que deixou o entendimento muito próximo de uma eventual assinatura.
Ontem, Macron celebrou o fato de o acordo ainda não ter sido “fechado às pressas”. O fato é que a situação dentro de casa não está fácil para o mandatário francês.
Na segunda-feira passada, vários agricultores protestaram em Paris. Eles protestaram, por exemplo, contra a política ambiental da União Europeia, que obriga a redução de emissões na atividade agrícola, e o aumento dos combustíveis. Houve também protestos de agricultores em Bruxelas.
“Pedimos simplesmente que as regras ambientais e sanitárias que impomos aos nossos agricultores e a outras profissões sejam as mesmas”, afirmou Macron.
Na terça-feira (30), a Comissão Europeia havia dito que continua a buscar uma solução para o acordo, um dia depois de o primeiro-ministro francês, Gabriel Attal, ter dito que entendia que a UE havia encerrado as negociações.
“As discussões continuam e a União Europeia continua a cumprir a meta de alcançar um acordo que respeite os objetivos de sustentabilidade e respeite as nossas sensibilidades, particularmente na agricultura”, disse um porta-voz da comissão.
Redação ICL Economia
Com informações da Folha de S.Paulo e UOL