O Banco Central divulgou, nesta segunda-feira (5), que o déficit nas contas externas do país recuaram 41% na passagem de 2022 para 2023. O saldo negativo caiu de US$ 48,25 bilhões para US$ 28,61 bilhões de um ano para outro. Trata-se do menor saldo negativo em três anos.
De acordo com a autarquia, o rombo menor está relacionado principalmente com a melhora da balança comercial no período. Pela contabilidade do BC, que é diferente daquela utilizada pelo governo, o superávit da balança somou US$ 80,5 bilhões em 2023, ante um saldo positivo de US$ 44,15 bilhões no ano anterior.
Além disso, os gastos de brasileiros no exterior foram os maiores em quatro anos, ou seja, desde antes da pandemia da Covid-19. Por outro lado, as despesas de estrangeiros no Brasil bateram recorde histórico.
O resultado em transações correntes, um dos principais indicadores sobre o setor externo do país, é formado por balança comercial (comércio de produtos entre o Brasil e outros países), serviços (adquiridos por brasileiros no exterior) e rendas (remessas de juros, lucros e dividendos do Brasil para o exterior).
O bom resultado da balança comercial compensou a piora no saldo da conta de rendas, cujo déficit passou de US$ 56,5 bilhões, em 2022, para US$ 72,4 bilhões no ano passado.
Essa queda está relacionada ao aumento nas remessas de juros ao exterior, que saltaram de US$ 10,6 bilhões em 2022 para US$ 27,7 bilhões em 2023, e também pelo incremento das remessas de lucros e dividendos pelas empresas (que avançaram de US$ 37,1 bilhões em 2022 para US$ 45 bilhões no ano passado).
Somente mês de dezembro do ano passado, segundo o Banco Central, as contas externas registraram um rombo de US$ 5,83 bilhões, em comparação com um resultado negativo de US$ 7,52 bilhões no mesmo período do ano anterior.
Contas externas: investimento estrangeiro direto recua 17% em 2023
Ainda de acordo com o BC, os investimentos estrangeiros diretos na economia brasileira recuaram cerca de 17% no ano de 2023.
No ano passado, houve ingresso de US$ 61,95 bilhões em investimentos, ante US$ 74,6 bilhões em 2022. Essa foi a menor entrada desde 2020 (-US$ 46,44 bilhões).
A queda no ingresso de investimentos estrangeiros diretos aconteceu em meio a um cenário de forte desaceleração da economia mundial, com taxas de juros mais altas para conter a pressão inflacionária.
No Brasil, porém, o cenário é de estabilidade no PIB (Produto Interno Bruto). Após uma alta de 5% em 2021, o PIB brasileiro teve crescimento de 3% em 2022. E a projeção do mercado financeiro para 2023 é uma taxa semelhante expansão.
Somente em dezembro, ainda de acordo com a instituição, os estrangeiros retiraram US$ 369 milhões em investimentos diretos no país, contra uma saída líquida de US$ 479 milhões no mesmo mês de 2022.
Enquanto isso, os brasileiros gastaram US$ 14,53 bilhões em dezembro do ano passado no exterior, com alta de 19,3% frente ao mesmo mês do ano anterior (US$ 12,18 bilhões).
Trata-se, também, do maior valor de despesas no exterior, para um ano fechado, desde 2019, ou seja, antes da pandemia da Covid-19, quando somou US$ 17,59 bilhões.
Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias