Após queda da Petrobras na bolsa, Lula se reúne com Prates. Economista do ICL esmiúça histórico do lucro da empresa

A economista do ICL Deborah Magagna comentou o assunto e, especialmente, o tom enviesado que a grande mídia tem dado à queda do lucro da Petrobras, ao atrelá-la à gestão Lula.
11 de março de 2024

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai se reunir, nesta segunda-feira (11), com o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, depois do chilique do mercado financeiro na semana passada em função do anúncio de que a estatal não vai distribuir dividendos extraordinários.

Segundo informações da agência Reuters, publicadas no site Brasil 247, a decisão de não pagar dividendos abusivos partiu do próprio presidente Lula. O governo é acionista majoritário da estatal.

De acordo com as fontes ouvidas pela Reuters, a determinação de não conceder dividendos extraordinários foi resultado de uma reunião entre o presidente da Petrobras e o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, onde Lula também participou ativamente.

O objetivo por trás dessa decisão é direcionar os recursos que seriam destinados aos acionistas para investimentos de longo prazo na própria empresa, conforme explicou uma das fontes governamentais, ressaltando a necessidade de recursos para esses investimentos estratégicos. “Não se trata de prejudicar os acionistas, mas sim de priorizar investimentos que gerarão retornos mais significativos no longo prazo”, afirmou a fonte.

A decisão vem em um momento em que a Petrobras tem buscado fortalecer seus investimentos, como evidenciado pela retomada de importantes projetos, incluindo investimentos em refinarias, durante o atual mandato do presidente Lula e a gestão de Prates.

A Petrobras divulgou, em comunicado, que o conselho de administração propôs destinar o lucro remanescente para uma reserva de remuneração do capital, afirmando que a distribuição proposta está alinhada com a sustentabilidade financeira da empresa e com seu compromisso de gerar valor para a sociedade e os acionistas.

Na quinta-feira passada (7), após o fechamento do mercado financeiro, a Petrobras anunciou ter registrado lucro líquido de R$ 124,6 bilhões em 2023, valor que representa uma queda de 33,8% em relação ao obtido em 2022, de R$ 188,3 bilhões, o maior já registrado pela petroleira. Apesar da redução, o valor do ano passado é o segundo recorde histórico da companhia.

Prates diz que Lula não deu ordem sobre dividendos da Petrobras

O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, falou nesta segunda-feira (11) com exclusividade ao blog e ao Estúdio i da Globonews sobre a decisão de adiar a distribuição de dividendos extraordinários aos acionistas. Prates disse que a decisão não partiu de ordem do presidente Lula (PT).

“O presidente não deu nenhuma ordem sobre a questão dos dividendos. Nós estamos discutindo isso com o acionista majoritário dentro dos espaços possíveis. Houve uma discussão a tempo do anúncio do balanço, havia necessidade de fechar o balanço. E foi definido que a gente adiaria a discussão”, disse.

Deborah Magagna detalha histórico do lucro da Petrobras e explica por que as notícias enviesadas não fazem sentido

Deborah Magagna

Crédito: Reprodução ICL Mercado e Investimentos

A decisão do conselho da Petrobras acarretou a queda das ações da empresa e, consequentemente, a do Ibovespa, na sexta-feira passada, indicador sobre o qual a Petrobras tem bastante peso. Somente na sexta-feira, a empresa teria perdido R$ 55 bilhões em valor de mercado.

O conselho de distribuição de dividendos ordinários da companhia fez uma proposta de distribuir R$ 14,2 bilhões aos acionistas, sem pagamento extra. Enquanto isso, a proposta é a de que um valor de R$ 43,9 bilhões seja destinado para uma reserva estatutária.

Oficialmente, a Petrobras diz que o valor destinado à reserva será utilizado apenas no pagamento de dividendos futuros. A empresa alegou que os investimentos aprovados para o período de 2024 e 2025 aumentarão a saída de recursos e terão impacto sobre os dividendos. Assim, essa conta de reserva assegura que os acionistas continuariam recebendo bons proventos.

Na edição de sexta-feira passado do ICL Mercado e Investimentos, programa diário transmitido pelo canal do ICL no YouTube, a economista Deborah Magagna comentou o assunto e, especialmente, o tom enviesado que a grande mídia tem dado ao assunto, atrelando a queda do lucro da Petrobras à gestão Lula.

“Em 2022, teve uma alta bem relevante do preço do petróleo [no mercado internacional]. [Naquele ano] a média do preço do petróleo ficou bem maior que em anos anteriores e muito maior também do que o registrado em 2023. As manchetes dão a entender que a Petrobras teve um lucro ruim porque caiu 34%, mas foi o segundo maior lucro da história da empresa”, explicou.

A economista e apresentadora do programa disse que, em 2019, a Petrobras lucrou 40,14 bilhões, valor que caiu para R$ 7,11 bilhões em 2020 (-82%). Em 2021, o lucro voltou a subir para R$ 106,67 (+1.400%); em 2022, para R$ 188,33 (+77%); e, em 2023, para R$ 124,6 bilhões (-34%).

“O lucro de 2023 só não ultrapassou o de 2022 por causa do preço do petróleo, que estava acima dos US$ 90 o barril beirando até os US$ 100 na média”, explicou a economista.

Para mostrar que a Petrobras não estava sozinha, Deborah mostrou que o lucro de outra petroleira, a Exxon Mobil.

A petroleira norte-americana lucrou US$ 36 bilhões (R$ 176,86 bilhões) em 2023, queda anual de 35% em relação a 2022.

Você pode ver esse e outros comentários de Deborah Magagna e de André Campedelli no vídeo abaixo:

 

Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias, Brasil 247 e ICL Mercado e Investimentos

 

 

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