O presidente anarcoeconomista de ultradireita da Argentina, Javier Milei, descartou a dolarização da economia argentina este ano, pois, antes que isso aconteça, é preciso fechar o Banco Central. Segundo Milei, “não adianta fazer várias reformas se o BC não for fechado”, repetindo o velho mantra que embalou sua campanha eleitoral.
Em entrevista ao braço espanhol da rede CNN, que foi ao ar no domingo passado (31), Milei disse que sua equipe econômica está trabalhando em entregar reformas no sistema financeiro que possibilitariam o fechamento do Banco Central.
Ao longo da campanha eleitoral, Milei disse, repetidas vezes, acreditar que o fechamento do Banco Central seria a única medida eficaz para acabar com a inflação porque impediria o governo de emitir moeda para corrigir problemas de financiamento público e, assim, distorcer os preços.
A Argentina fechou o primeiro mês de 2024 com uma taxa anual de inflação de 254,2%, uma das mais altas do mundo. O índice registrado em janeiro fechou com aumento de 20,6%, abaixo dos 25,5% registados em dezembro.
No entanto, ele disse que o fechamento do BC não está diretamente atrelado à dolarização da economia. Segundo ele, a própria população é quem vai escolher qual moeda melhor atende às suas necessidades.
“A realidade é que não falamos estritamente sobre a dolarização. Sempre falamos sobre competição cambial. E, nesta competição cambial, se for imposta uma moeda, a moeda que vai ser imposta, devido às preferências dos argentinos, é muito provável que seja o dólar”, palpitou.
Milei acredita que dolarização da Argentina não deve acontecer antes das eleições legislativas
Na avaliação de Milei, a dolarização do país não deve acontecer antes das eleições legislativas do meio de 2025.
Além da reforma do sistema financeiro, fechamento do BC e uma eventual dolarização da Argentina, Milei também disse na entrevista que o objetivo de seu governo é manter alinhamento comercial com os Estados Unidos.
O presidente já declarou publicamente inúmeras vezes seu apoio e apreço pessoal ao ex-presidente americano Donald Trump, que é candidato à reeleição no país em 2024.
No entanto, mesmo que o atual presidente Joe Biden ganhe a disputa pela Casa Branca, Milei disse que isso não será um problema e que manterá uma boa relação com o país.
“Independentemente de quem esteja no comando e, além das minhas preferências, que são públicas, minha prioridade é ser aliado dos Estados Unidos”, comentou.
Com relação à dolarização da economia, na década de 1990, durante o governo de Carlos Menem, o então ministro da economia, Domingo Cavallo, determinou a paridade entre a moeda argentina e o dólar.
O Plano Cavallo, como ficou conhecido, visava a estabilização da economia, mas acabou em uma crise ainda maior do que o país já se encontrava, com uma taxa de desemprego de 18,3% e o indicador de pobreza em 34,32% no começo dos anos 2000.
Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias e g1