Com inflação anual de 254,2% em janeiro, situação econômica da Argentina já traz reflexos para o Brasil

Em janeiro de 2024, as exportações do Brasil para a Argentina somaram US$ 767 milhões. Foi o menor valor desde 2021, representando uma queda de 25% em relação ao mesmo período de 2023.
16 de fevereiro de 2024

A Argentina fechou o primeiro mês de 2024 com uma taxa anual de inflação de 254,2%, uma das mais altas do mundo. O índice registrado em janeiro fechou com aumento de 20,6%, abaixo dos 25,5% registados em dezembro.

Segundo o Instituto Nacional de Estatísticas e Censo, órgão oficial de estatísticas argentino, os setores com maiores aumentos em janeiro foram bens e serviços, com 44,4%, seguido por transporte (26,3%), comunicação (25,1%) e alimentos e bebidas não alcoólicas (20,4%) .

Desde que assumiu a presidência, o economista anarcocapitalista Javier Milei desvalorizou o peso em 54% e retirou o congelamento de preços de centenas de produtos. O presidente tenta implementar um pacote de medidas que prevê a privatização de serviços públicos, por meio da Lei Ônibus, que voltou à estaca zero no Congresso Nacional.

A situação econômica da Argentina já traz reflexos para o Brasil, com a redução da importação de produtos brasileiros. A lista inclui, por exemplo, peças de automóveis, carros, soja e papel.

Em janeiro de 2024, as exportações do Brasil para a Argentina somaram US$ 767 milhões. Foi o menor valor desde 2021, representando uma queda de 25% em relação ao mesmo período de 2023.

A Argentina é um dos principais parceiros comerciais do Brasil, e a eleição de Javier Milei, empossado em dezembro do ano passado, preocupava o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e membros de seu governo.

Sem reservas em dólares, Argentina vem impondo barreiras burocráticas ao comércio com o Brasil

Sem reservas em dólares, que é a moeda forte do comércio internacional, a Argentina vem impondo barreiras burocráticas, dificultando e atrasando o pagamento de produtos brasileiros – como automóveis, por exemplo.

Na avaliação de analistas, essa situação não deve mudar tão cedo, diante da grave situação econômica do país vizinho.

Além disso, durante a campanha eleitoral, Milei disparou críticas ao presidente Lula e disse não querer relações nem com Brasil, nem com a China.

Por outro lado, o ministro da Economia da Argentina, Luis Caputo, disse recentemente que a Argentina precisa do Brasil para superar a crise e que a rivalidade entre os dois países deve ficar só no futebol.

Na última quarta-feira (14), a ex-presidenta Cristina Kirchner publicou um documento com críticas à política econômica de Milei, no qual o acusa de ir “além do disruptivo” em suas propostas.

“[O discurso e a prática do governo] nos levam a um lugar que a Argentina nunca conheceu. Isso se desenvolve, no entanto, em um marco econômico e social de extrema gravidade”, disse.

Segundo Cristina, a dolarização da economia, proposta de Milei desde a campanha, impedirá definitivamente a possibilidade de desenvolvimento com inclusão social na Argentina. “O país não terá mais dólares. Pelo contrário, iremos ter menos dólares, porque a competitividade da maior parte do setores produtivos geradores de divisas será afetada e o peso da dívida externa aumentará na nossa economia”, disse.

Redação ICL Economia
Com informações do Jornal Nacional e Brasil de Fato

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