O pacotaço da maldade implementado pelo ultradireitista Javier Milei, na Argentina, já surtiu o primeiro efeito. Ontem (22), ele anunciou que o país alcançou superávit primário no primeiro trimestre do ano, pela primeira vez desde 2008. Mas a que preço? Impingindo muito sofrimento à população, principalmente aos mais pobres.
O superávit trimestral da Argentina foi de 0,2% do PIB (Produto Interno Bruto), o que representa cerca de 275 bilhões de pesos (R$ 1,6 bilhão).
O anarcocapitalista alçado à presidência do país em dezembro do ano passado comemorou o número, dizendo que ele é “a pedra angular a partir da qual construiremos a nova era de prosperidade da Argentina”.
O pronunciamento em rede nacional foi feito ao lado do Ministro da Economia, Luis Caputo, um dos responsáveis por executar o arrocho fiscal promovido por Milei.
Na declaração, o ultradireitista disse que o déficit zero, uma das suas promessas de campanha, não seria apenas “um slogan de marketing”, mas “um mandamento”.
Ele foi enfático sobre como pretende seguir atuando na presidência: “A era do suposto ‘Estado presente’ terminou”, disse.
Arrocho fiscal promovido por Milei resultou em aumento da pobreza, demissões em massa e paralisia do comércio
O preço pago do leve superávit conquistado por Milei foram as demissões em massa em órgãos públicos, redução do financiamento em setores-chave do Estado argentino, como a saúde, a assistência social e a cultura.
Foi, literalmente, uma “motossera” sobre a base da população, como ele mesmo classificou seu plano, que envolve cortes mas não estratégias para atrair recursos ao Estado argentino.
A pobreza aumentou bastante também no país desde que ele assumiu o poder, chegando na casa dos 60%. Programas importantes de transferência de renda, por exemplo, sofreram quedas de mais de 50%, como é o caso do Potenciar Trabajo.
O arrocho fiscal, que segue firmemente a cartilha apregoada pelo FMI (Fundo Monetário Internacional), resultou na queda na atividade econômica, penalizando principalmente as empresas voltadas ao mercado interno, que têm dificuldades para vender a uma população assolada pela inflação e pela perda do poder de compra.
A classe média, por sua vez, reduz gastos básicos para lidar com os aumentos sucessivos nas contas de luz e gás, por exemplo, que resultam das retiradas dos subsídios feitas pelo governo Milei.
Com uma queda de 16,8% no gasto corrente em pessoal do Estado – considerando o período interanual -, o governo Milei cortou as despesas do Estado em 35,7% no primeiro trimestre, segundo um relatório recente da OPC (Oficina de Presupuesto del Congreso ), uma agência técnica vinculada ao Legislativo do país.
Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias