Após Milei, pobreza na Argentina dispara a 57%, o maior patamar em duas décadas

Projeções são do Observatório da Dívida Social da UCA (Universidade Católica Argentina) e costumam estar um pouco acima dos números oficiais do Indec, o equivalente ao IBGE brasileiro.
20 de fevereiro de 2024

A pobreza na Argentina atingiu 57% em janeiro, o maior percentual em 20 anos. Já o número de indigentes subiu 15% no mesmo período. As projeções são do Observatório da Dívida Social da UCA (Universidade Católica Argentina) e costumam estar um pouco acima dos números oficiais do Indec, o equivalente argentino ao IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Os números oficiais sociais da Argentina só serão divulgados no fim de março.

Os dados indicam que a pobreza saltou de 45% no terceiro trimestre de 2023 para 50% em dezembro, e então para 57% em janeiro.

“O maior aumento foi experimentado pelos lares das classes trabalhadoras ou médias não beneficiárias de programas sociais”, disse o órgão.

Já a indigência, que está dentro desse número, passou de 10% no terceiro trimestre de 2023 para 14% em dezembro e 15% em janeiro.

O órgão concluiu que a elevação dos planos sociais pelo governo de Milei amorteceu o crescimento da indigência que era previsto para o mês passado.

Não é possível colocar tudo na conta do presidente anarcocapitalista de ultradireita, Javier Milei, empossado em 10 de dezembro passado. O número de pobres no país vizinho ao Brasil vem crescendo na última década devido à crise econômica que atinge a Argentina há vários anos.

Isso posto, vale dizer que o plano radical de governo que vem sendo imposto por Milei tem contribuído para piorar o quadro que já era muito ruim.

Pobreza na Argentina: porcentagem representa 27 milhões de pessoas

Os 57% de pobres representam um universo de 27 milhões de pessoas, em um país com uma população de cerca de 46,7 milhões de habitantes.

Segundo a série histórica, a última vez em que a Argentina atingiu níveis tão ruins foi em 2004, quando alcançou 55%, durante a gestão do peronista Néstor Kirchner e três anos após uma de suas piores crises econômicas e sociais.

As decisões de Milei contribuíram para disparar os preços, principalmente nos supermercados, o que atinge em cheio a camada mais vulnerável da população.

Uma medida disso é que a inflação anual da argentina atingiu 254,2% em janeiro. A situação econômica lá tem, inclusive, se refletido no Brasil. Ambos os países são importantes parceiros comerciais.

Sobre o índice de pobreza, o observatório destacou: “Após mais de duas décadas de vigência de um regime inflacionário, de empobrecimento e expansão dos programas sociais, aos quais se soma um novo programa econômico de ajuste ortodoxo, a pobreza continua crescendo apesar da assistência pública”.

Segundo Agustín Salvia, diretor do observatório da UCA, a inflação explica cerca de metade dos percentuais de pobreza na Argentina.

“Portanto, se se consegue baixá-la a um dígito, se produzirá um fenômeno de estabilização inclusive no planejamento dos gastos das famílias e nos pequenos negócios. É fácil voltar ao patamar dos 40%”, afirmou ao canal LN+.

Na sexta-feira passada (16), o governo de Milei comemorou seu primeiro superávit financeiro em janeiro.

“É a primeira vez desde agosto de 2012 que o governo nacional gasta menos do que arrecada e que o pagamento de juros da dívida não deixa as contas no vermelho”, afirmou a gestão em nota.

A alegria do governo, porém, não se espraia pelas ruas do país, onde as medidas geraram forte instabilidade nos preços, que tem freado o consumo.

Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias

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