O segmento de agronegócios continua registrando saldo positivo na balança comercial do Brasil, tendo participação no Produto Interno Bruto (PIB) neste ano, enquanto a indústria, cada vez mais, perde protagonismo na economia brasileira, inclusive a indústria extrativa, que sempre teve presença relevante no País. Em abril, o agronegócio passou a representar 51,5% das exportações totais da balança comercial brasileira. Se comparado ao mesmo período do ano anterior, o aumento foi de 49,6% do resultado total.
Os resultados foram divulgados pelo IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) na quinta-feira (19). A participação do agronegócio, dentro da balança comercial brasileira, em abril, somou US$ 14,9 bilhões de exportações, tendo importado apenas US$ 1,3 bilhões, o que gerou um saldo de US$ 13,6 bilhões na balança comercial.
“Os números refletem o aumento da exportação de alimentos e a redução de exportação de minérios, que fazem parte da indústria extrativa brasileira. Com a atual situação chinesa, estes itens vêm sofrendo fortes quedas na pauta exportadora do Brasil. No acumulado do ano, o agronegócio representou 48% de tudo que foi exportado pelo país em 2022”, explicam os economistas do ICL, André Campedelli e Deborah Magagna, responsáveis pelo Boletim Economia Para Todos Investidor Mestre.
O resultado é superior ao mesmo período do ano anterior, o que significa que o comércio internacional está mais aquecido no momento, apesar das incertezas da economia chinesa. O Brasil tem aproveitado a falta de insumos gerada pela situação entre Rússia e Ucrânia para expandir sua participação de bens agropecuários no comércio.
Em termos percentuais, houve uma expansão de 14,9% do valor exportado em abril, se comparado ao mês anterior. No entanto, nos meses do primeiro trimestre, por exemplo, o aumento da exportação foi de 29,4% em março. Durante o primeiro trimestre, a China ainda não estava em lockdown em diversas cidades do país. O nível de importações também se elevou neste mês, em 11,7%, ante um aumento de 5,9%.
Trigo e milho contribuem para balança comercial positiva
Diversos itens apresentaram aumento significativo de participação nas exportações brasileiras entre abril de 2021 e de 2022, o que reflete duas situações: o comércio internacional, que ainda estava pouco aquecido no mesmo período do ano anterior; e o espaço criado pela guerra entre Rússia e Ucrânia, que fez com que bens como o milho e o trigo tivessem aumentado consideravelmente sua participação na pauta exportadora.
O milho teve aumento de 706% em um ano, enquanto o trigo, que não teve registro algum de venda no ano anterior, teve registro de US$ 55,2 milhões de vendas este ano. Outros destaques são carne bovina, com alta de 56,2%; o frango, com alta de 34,3%; o café, com alta de 43,5%, e a celulose, com alta de 18,5%.
Para os economistas do ICL, houve um aumento considerável do agronegócio, mas eles alertam para o perigo que está por trás disso. “O agronegócio é tido como um dos principais fatores para termos um PIB positivo este ano, e os resultados do agronegócio mostram que o setor permanece com força . Porém, isso mostra que o processo de desindustrialização do Brasil ainda persiste”, concluem.
Redação ICL Economia
Com informações do Boletim Economia Para Todos Investidor Mestre