Com estiagem, ONS recomenda acionamento de termoelétricas. Situação mais preocupante é no Norte do país

O órgão destacou, no entanto, que a medida é preventiva, ou seja, não há risco de desabastecimento de energia ao menos por ora.
22 de agosto de 2024

A seca dos rios tem afetado o funcionamento das usinas hidrelétricas do país e, consequentemente, o fornecimento de energia. Por isso, o ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) recomendou nesta semana o acionamento antecipado de termoelétricas movidas a gás, uma energia mais poluente e, também, mais cara.

O órgão destacou, no entanto, que a medida é preventiva, ou seja, não há risco de desabastecimento de energia ao menos por ora.

Contudo, a quantidade de chuvas abaixo do esperado já tem afetado os sistemas e levado à menor disponibilidade de recursos hidráulicos, em especial na região Norte do Brasil.

De acordo com o ONS, o Norte contribui de maneira fundamental para o atendimento “à ponta de carga” e lá a situação é preocupante.

Na última terça-feira (20), a onda de calor e a estiagem, que intensificam queimadas e afetam os rios da amazônia, levaram a região Norte a bater recorde de consumo de energia, segundo dados do ONS.

Diante do cenário, o ONS indica que, tendo em vista os períodos de maior consumo de carga em especial nos meses de outubro e novembro, devem ser adotadas medidas operativas adicionais e de caráter preventivo.

Entre as medidas apresentadas no início deste mês ao Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), estão:

  • Minimizar o despacho das usinas hidrelétricas do subsistema Norte, para preservação dos recursos hídricos da região, já com vistas ao atendimento à ponta de carga nos meses de outubro e novembro;
  • A maximização da disponibilidade de potência ao final do período seco, o que considera o adiamento de manutenções, quando possível, e a antecipação do retorno de ativos indisponíveis;
  • Acionamento de usinas termoelétricas a GNL com despacho antecipado, como a antecipação para despacho da UTE Termopernambuco, já a partir de outubro de 2024;
  • A ampliação do uso de ferramentas como os mecanismos de resposta da demanda.

Termoelétricas: período seco no Norte do Brasil traz apreensão para o setor elétrico

O período seco no norte do Brasil começou antes do normal, trazendo apreensão para o setor elétrico. A região enfrenta a pior seca em décadas. Com isso, a geração hidrelétrica no Norte está cerca de 30% menor que a vista há um ano.

Dados do ONS mostram que o subsistema Norte gerou, em 19 de agosto, 2.736 MW médios em usinas hidrelétricas. A geração é 30% menor que a vista um ano antes. Em 20 de agosto do ano passado, as mesmas usinas hidrelétricas da região geraram 3.926 MW.

seca

O reservatório Balbina, por exemplo, no rio Uatumã, tem água em apenas 30,7% da sua capacidade total – é o terceiro reservatório com menor nível do Sistema Integrado Nacional.

Além do nível dos reservatórios, a seca afeta o funcionamento das usinas. A controversa usina de Belo Monte, por exemplo, que não tem reservatório, funciona pelo sistema “fio d’água”, ou seja, usa apenas o fluxo normal do rio. E, sem água, a usina gera pouca energia em períodos secos – como o atual. A geração na última segunda-feira (19) foi de 354 MWmed (Megawatt médio).

O volume de energia gerada em um dia é 96,6% menor que o pico dos últimos 12 meses, em 30 de abril. Na época das cheias e com a vazão elevada do rio Xingu, a usina operou plenamente. Agora, a situação é exatamente o contrário.

Queimadas

Para piorar o cenário, somadas, a onda de calor e estiagem intensificam queimadas na região amazônica, afetando os rios da região, situação que levou a região a bater recorde de consumo de energia na segunda-feira.

Mas especialistas ouvidos por reportagem da Folha de S.Paulo descartam riscos de apagões no país, justamente porque oparque térmico contribui para garantir o abastecimento.

De acordo com o boletim preliminar da operação do ONS, o consumo médio de energia da região Norte bateu 8.297 MW (megawatts) médios na segunda, superando os 8.274 MW médios de 8 de agosto de 2023, o recorde anterior.

O maior consumo levou o ONS a determinar a geração de hidrelétricas locais em volume superior ao programado inicialmente, mecanismo que o operador vem tentando evitar com o objetivo de poupar água para o fim do período seco, no terceiro trimestre.

Com a seca nos últimos meses, as hidrelétricas da região já vêm gerando volumes de energia inferiores aos normais para esse período do ano. Na semana passada, por exemplo, a geração média ficou em 2.976 MW médios, contra 3.703 MW médios do mesmo período de 2023.

O quadro levou o ONS a sugerir o uso de térmicas para poupar água nos rios da região Norte, considerados fundamentais para garantir o abastecimento da demanda do início da noite, quando usinas solares param de gerar energia.

Grandes consumidores de eletricidade já temem impactos no preço da energia no país com o acionamento das termoelétricas e sugerem medidas alternativas, como um programa de redução voluntária de demanda industrial.

Redação ICL Economia
Com informações da Folha de S.Paulo e da CNN

 

 

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