Isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil deve vir com medidas compensatórias

Proposta deve ser encaminhada ao Congresso até o fim deste ano. Renúncia fiscal é estimada em R$ 40 bi anuais a partir de 2026.
9 de outubro de 2024

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve enviar ao Congresso, até o fim deste ano, a proposta de isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil. A medida atende a promessa de campanha do petista, em 2022.

Contudo, a conta não é tão simples, pois implica abrir mão de R$ 40 bilhões a partir de 2026 em um momento em que a equipe econômica do Executivo luta para aumentar a arrecadação e acabar com as isenções fiscais que beneficiam determinados setores econômicos.

Por isso, a isenção deve vir com medidas compensatórias para cobrir a renúncia fiscal. Mesmo com o envio em 2024, a discussão no Congresso só deve terminar em 2025, com validade somente a partir de 2026.

No mês passado, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que a equipe econômica já apresentou ao presidente Lula cenários para isenção do IR para quem ganha até aquela faixa salarial. Na ocasião, Haddad disse que o petista bateria o martelo sobre o tema em um futuro próximo.

“O presidente encomendou da área econômica estudos que permitissem chegar a R$ 5 mil [de isenção]. Apresentamos alguns cenários. Só posso falar quando ele validar algum dos cenários. Assim que o presidente entender conveniente, vai chamar outros ministros. Mas ele deve bater o martelo em torno disso em algum momento do futuro próximo”, afirmou Haddad à época.

O estudo da Fazenda contém cenários com alternativas de compensação dos R$ 40 bilhões. Como o governo não pretende abrir mão de arrecadação, se vai isentar numa ponta, terá que cobrar mais na outra.

Tributação dos super-ricos pode ajudar a compensar isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil

Entre os cenários desenhados no estudo está compensar a isenção para a faixa salarial até R$ 5 mil tributando os super-ricos, que hoje não pagam imposto sobre a renda, e passariam a pagar um percentual mínimo. São contribuintes cuja renda vem exclusivamente de rendimentos isentos (lucros, dividendos e outros). O governo tem discutido essa questão no âmbito do G20 (fórum internacional que reúne as 19 economias mais ricas, mais União Europeia e União Africana).

Esses contribuintes, segundo a proposta, teriam que pagar um mínimo, o que não significa mudanças nas isenções atuais. Aqueles que já estiverem pagando um percentual mínimo sobre rendimentos tributáveis não devem sofrer nenhum impacto.

A proposta para a pessoa física segue a lógica da recente medida provisória 1626/2024 para as empresas, que estabelece tributação mínima corporativa dos grandes grupos multinacionais (atendendo ao pilar 2 da OCDE, Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico).

Dentro da reforma do imposto sobre a renda, a equipe econômica também deve propor alterações na tributação das empresas, novos ajustes nos JCP (Juros sobre Capital Próprio) e na CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido), alterações na tributação de lucros e dividendos, mas também com redução no IRPJ (Imposto de Renda da Pessoa Jurídica) para não aumentar a carga do setor produtivo.

Se encaminhar a proposta dentro desse desenho, o governo não vai sancioná-la sem as compensações, ainda que o Congresso as retire durante a tramitação.

Redação ICL Economia
Com informações do UOL

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