A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, afirmou nesta quarta-feira (24) que o governo pretende calcular o potencial de crescimento do país para apresentar uma estimativa própria. Ela destacou que é viável que o PIB da maior economia da América Latina seja expressivo, porém, em um nível que não gere pressões inflacionárias.
Durante entrevista à Reuters, nas reuniões anuais do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial, Tebet afirmou que as taxas de juros do Brasil não podem ser elevadas apenas com base na percepção de que a economia já ultrapassou o ponto em que cresce sem gerar inflação, especialmente em um cenário em que as projeções econômicas falharam nos últimos três anos.
“Nosso ministério, junto com a Ipea, vai pedir parcerias, inclusive o BNDES diz que é parceiro para isso, para a gente achar pela ótica oficial do Brasil qual é o PIB potencial que ele tem. Se o FMI está falando em 2,5%, quem sabe não é 2,8%”, disse.
“Isso reflete em nós termos discurso para debater de forma equilibrada, saudável, respeitando a autonomia do Banco Central, a questão de juros no Brasil, que é um assunto complexo, mas é o que mais importa, porque é ele que permite que o pequeno possa ter crédito, possa investir, possa gerar emprego, aquecer a economia.”
O Banco Central destacou o crescimento econômico superior ao previsto ao iniciar, no mês passado, um ciclo de aumento dos juros, com um ajuste de 0,25 ponto percentual na taxa básica, que foi para 10,75%. Embora o BC não divulgue uma estimativa oficial de crescimento potencial do PIB, o presidente da instituição, Roberto Campos Neto, apontou para a possível elevação desse indicador, relacionando-o ao impacto das reformas estruturais.
PIB: FMI revisou para cima crescimento econômico do Brasil em 2024
Na terça-feira (22), o Fundo Monetário Internacional (FMI) revisou sua projeção para o crescimento econômico do Brasil em 2024, aumentando de 2,1% para 3,0%, o maior ajuste positivo entre as grandes economias neste ano
Em um relatório divulgado em julho, o FMI estimou que o crescimento esperado para o Brasil no prazo médio seria de 2,5%, uma elevação de 0,5 ponto percentual em relação à previsão feita em 2023.
“O PIB potencial do Brasil não é mais o 1,5% que falavam lá atrás, o FMI já está falando em 2,5%, se ele está falando 2,5% e sempre errou para baixo, será que não é 3%? Essa pergunta nós temos que nos fazer,” disse Tebet.
A projeção oficial do governo é de um aumento do PIB de 3,2% este ano.
A respeito do controle das contas públicas, Tebet declarou que o arcabouço fiscal só se sustenta com uma revisão estrutural das despesas obrigatórias. Ela ressaltou que o governo está trabalhando intensamente nessa questão, com o objetivo de apresentar ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva diversas opções, permitindo que ele possa fazer a escolha final.
Com informações da Reuters