O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse ontem (11) que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu a inclusão de mais um ministério no pacote de corte de gastos em discussão no governo para garantir o cumprimento das metas fiscais.
“As reuniões com ministros de Trabalho, Previdência, Desenvolvimento Social, Saúde, Educação, elas já se completaram. O presidente pediu para incluir um ministério nesse esforço, uma negociação que deve ser concluída até quarta-feira [13]. Eu não vou adiantar [qual], porque não sei se vai haver tempo hábil de incorporar o pedido. Mas acredito que vai haver boa vontade”, declarou Haddad a jornalistas na saída do Ministério da Fazenda, em Brasília.
O mercado financeiro pressiona o governo para o anúncio das medidas, que enfrenta resistência de movimentos sociais, sindicatos e partidos de esquerda. A expectativa era de que houvesse o anúncio na semana passada, mas as negociações devem prosseguir ao longo desta semana.
O presidente Lula disse em entrevista à Rede TV, exibida no domingo (10), que não entrou na Presidência para “fazer a economia descrescer”, e afirmou que vai “vencer o mercado financeiro”. “Não entrei [na Presidência] pra fazer a economia decrescer. Somente o crescimento econômico com a distribuição correta faz o país crescer. O crescimento tem que ser distribuído, não é ficar concentrado na mão de meia dúzia. As coisas vão dar certo. Eu vejo o mercado falar bobagem todo dia, não acredite nisso, eu já venci eles [o mercado financeiro] e vou vencer outra vez”, afirmou.
Reportagens da Folha de S.Paulo e da Globonews dão conta de que o ministério que pode entrar no pacote é o da Defesa, comandado por José Múcio, com expectativa de englobar o regime de previdência dos militares.
Integrantes da equipe econômica, como a ministra Simone Tebet (Planejamento), já afirmaram que medidas de redução de despesas na previdência dos militares das Forças Armadas estavam em estudo no governo.
Porém, os ministérios que devem concentrar os maiores cortes de gastos são Saúde; Educação; Trabalho; Desenvolvimento Social; e Previdência Social.
Ministério da Defesa tem o 5º maior orçamento da Esplanada
O Ministério da Defesa possui o quinto maior orçamento da Esplanada, perdendo apenas para pastas ligadas à área social, como Previdência, Desenvolvimento Social, Saúde e Educação.
Para 2025, o o governo indicou, na proposta de orçamento, R$ 133,6 bilhões para o Ministério da Defesa. O texto, encaminhado no fim de agosto ao Congresso Nacional, ainda tem de ser aprovado pelo Legislativo.
Somente com o projeto do submarino nuclear brasileiro (junto com seu reator), e a compra dos caças Gripen da Suécia, estão previstos cerca de R$ 2,5 bilhões no próximo ano.
Área econômica deve se reunir nesta 3ª para ajustes no pacote de corte de gastos
A equipe econômica deve se reunir com Lula para tratar da melhor forma de encaminhar os textos da proposta de corte de gastos para o Congresso. Haddad já havia dito que o pacote exigiria uma PEC (Proposta de Emenda à Constituição).
Lula e Haddad também esperam apresentar o pacote aos presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), antes de divulgar a íntegra da proposta. Haddad não quis antecipar ontem como o pacote está sendo costurado.
“É aquela diretriz que nós anunciamos desde o começo desse processo, de fortalecer o arcabouço fiscal. Trazer para dentro do arcabouço aquilo que eventualmente não estiver se comportando como esperamos, para consolidar essa transição de um regime de déficit elevado e baixo crescimento para um regime equilíbrio fiscal com crescimento sustentável”, disse.
Ele também afirmou ontem que o pacote passou por ajustes no decorrer das discussões. “Teve ajustes. Teve aperfeiçoamentos incorporados, sim, mas eu não chamaria de desidratação. Pelo contrário, acho que tornam as medidas mais compreensíveis, mais palatáveis. Nós entendemos que o processo foi muito benéfico”, afirmou.
Haddad disse que foram concluídos no fim de semana, em encontro com Lula fora da agenda no Palácio da Alvorada, todos os detalhes com os ministérios que participaram do debate até agora.
“Dos ministérios que estavam na mesa durante essa semana passada toda, nós já concluímos os debates. Os atos já estão sendo feitos e encaminhados para Casa Civil, do ponto de vista formal”, afirmou.
Redação ICL Economia
Com informações da Globonews e Folha de S.Paulo