A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, cobrou dos países ricos em seu primeiro discurso na COP29 (Conferência do Clima da ONU), em Baku, no Azerbaijão, o apoio financeiro para combater as mudanças climáticas e também defendeu um plano para zerar o uso de combustíveis fósseis.
Segundo a ministra, a conclusão de novas metas de financiamento para países em desenvolvimento combaterem a crise do clima são essenciais ao cumprimento de metas para reduzir a emissão de gás carbônico (CO2).
“Uma receita para o nosso sucesso certamente passa pelos mecanismos de financiamento. Sem isso, o que anunciamos se torna apenas discurso. Precisamos dos meios de implementação para transformar a teoria em prática”, disse a ministra ontem (12), em discurso no pavilhão brasileiro no encontro.
Ela destacou que a recente queda de 45% do desmatamento em dois anos na Amazônia evitou a emissão de 400 milhões de toneladas de gás carbônico. Mas lembrou que o cumprimento de metas para zerar o desmatamento no Brasil e para diminuir a produção de gases de efeito estufa em outros países em desenvolvimento depende das nações desenvolvidas alocarem recursos para isso.
“O indicador de sucesso dessa COP, para além de tantos temas que estão postos aqui, com certeza está nos mecanismos de financiamento, sem os quais aquilo que nós anunciamos virará apenas enunciado”, disse. “Sem os meios de implementação, não haverá como tirá-los da teoria para a prática”, completou.
Ao lado de Marina na COP29, Alckmin reafirma compromisso do Brasil para reduzir emissões
Marina estava ao lado do vice-presidente Geraldo Alckmin, chefe da delegação brasileira na COP29. O também é ministro do MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços) reafirmou ontem o compromisso do Brasil com ações climáticas ambiciosas, após o país anunciar a meta de reduzir suas emissões de gases de efeito estufa entre 59% e 67% até 2035, na comparação com os níveis de 2005.
“Nossa NDC [nova meta climática] é muito mais do que simplesmente uma meta de redução de emissões para 2035: reflete a visão de um país que se volta para o futuro e que está determinado a ser protagonista da nova economia global, com energias renováveis, combate à desigualdade e comprometimento com o desenvolvimento sustentável”, disse Alckmin durante sessão plenária.
A nova meta climática brasileira, a Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC, na sigla em inglês), será formalmente entregue à ONU nesta quarta-feira (13), em entrevista coletiva na COP29. Segundo o vice-presidente, trata-se de um compromisso “ambicioso, porém factível”.
Marina também comentou sobre o tema. “O Brasil apresentou uma NDC extremamente ousada. Nós vamos sair de 2,2 bilhões de toneladas de CO2 equivalente para buscar aquela meta de 850 milhões de toneladas de CO2 equivalente em 2035”, afirmou.
Ela também fez uma referência ao uso de combustíveis fósseis no planeta e cobrou dos países ricos que apresentem NDCs mais profundas antes da COP30, que será realizada no Pará, no ano que vem.
“A COP30 em Belém é a COP da implementação, a COP dos resultados que não são apenas do Brasil. É preciso que o mundo inteiro tenha NDCs igualmente ambiciosas”, afirmou. “É preciso que a gente faça o mapa do caminho para a transição para o fim do uso do combustível fóssil e que a gente faça o mapa do caminho para o fim do desmatamento”, enfatizou.
Lembrando que a Petrobras, com aval do Ministério de Minas e Energia, busca ampliar sua fronteira de exploração de petróleo na região Foz do Amazonas.
Atualmente a petroleira está buscando autorização do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), ligado à pasta do Meio Ambiente, para abrir a nova frente de exploração.
O primeiro escalão do governo brasileiro está se dividindo nesta quinzena entre Baku e o Rio de Janeiro, onde ocorrerá a reunião do G20, grupo das 20 economias mais influentes do planeta.
Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias