A abertura oficial da 9ª edição da Cúpula das Américas aconteceu nesta quarta-feira (8), com discurso do anfitrião do encontro, Joe Biden, que enfatizou que a democracia está sob ataque em todo o mundo: “em um momento em que a democracia está sob ataque no mundo todo, vamos nos unir de novo e renovar nossa convicção de que a democracia não é só o fator definidor da história americana, é ingrediente essencial para o futuro das Américas”.
Em sua fala na Cúpula das Américas, o presidente dos EUA citou o Brasil apenas uma vez, fazendo referência a ser um dos maiores exportadores de comida do continente, ao lado de países como Argentina, Canadá e México.
Além da defesa da democracia, há a expectativa de que no encontro sejam firmados compromissos na áreas de energia limpa, imigração, inclusão digital e parcerias em saúde pública.
De acordo com autoridades dos EUA, o governo americano também pretende se colocar como o principal parceiro econômico da América Latina para neutralizar as incursões da China durante a Cúpula das Américas. Nessa linha, Biden, em seu discurso, anunciou uma Parceria Americana para a Prosperidade Econômica, uma estratégia dividida em cinco pontos: revigorar as instituições econômicas regionais, especialmente o BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), aumentar a resiliência das cadeias de suprimentos, melhorar serviços públicos, criar empregos com a transição para energias verdes e aumentar o comércio exterior regional.
A reunião também está marcada pelo boicote de alguns chefes de Estado. Os Estados Unidos, que organizam o evento, excluíram Cuba, Venezuela e Nicarágua, sob a alegação de que não são países democráticos. Em resposta, oito presidentes, incluindo México e Honduras, fizeram um boicote como forma de crítica. No total das 35 nações, 11 não participam.
Bolsonaro não participou da abertura da Cúpula das Américas
O presidente Jair Bolsonaro chegou nesta manhã (quinta, 9) em Los Angeles (EUA) onde acontece a Cúpula das Américas. Os noticiários destacam que Bolsonaro chegou atrasado ao encontro, por não ter participado da abertura nesta quarta-feira.
Entre os principais compromissos de Bolsonaro na Cúpula das Américas, está o encontro com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden. De acordo com a agenda presidencial, os dois devem se reunir durante o período da tarde.
Segundo o conselheiro para assuntos da América Latina do governo americano, Juan Gonzales, durante a reunião Bolsonaro e Biden falarão de temas amplos. Segundo informações do G1, Gonzales, ao ser questionado se Biden conversaria com Bolsonaro na Cúpula das Américas sobre o sistema eleitoral brasileiro, respondeu que os EUA confiam nas instituições eleitorais do Brasil.
O Itamaraty divulgou a agenda de Bolsonaro no evento, composta por cinco Compromissos Políticos a serem adotados pelos líderes mundiais:
- “Plano de ação sobre saúde e resiliência nas Américas”;
- “Nosso futuro sustentável e verde”;
- “Acelerando a transição para a energia limpa”;
- “Agenda regional sobre transformação digital” e
- “Plano de Ação Interamericano sobre Governança Democrática”.
Bolsonaro decidiu participar do encontro da Cúpula das Américas depois de receber no Palácio do Planalto, no final do mês passado, o enviado especial para a Cúpula das Américas do governo americano, Christopher Dodd, e o encarregado de negócios da embaixada dos EUA no Brasil, Douglas Koneff. Em nota emitida pela Embaixada dos Estados Unidos, Christopher Dodd declarou que, durante a reunião, manifestou ao presidente brasileiro o “desejo de que o Brasil seja um participante ativo da Cúpula” e disse que reconhecia “a responsabilidade coletiva de avançar para um futuro mais inclusivo e próspero”. Analistas dizem que o convite foi feito porque já se sabia que a Cúpula estaria esvaziada devido ao “boicote” dos presidentes.
Protestos contra Bolsonaro
Na tarde da terça-feira (7), já havia protestos contra Bolsonaro pelas ruas de Los Angeles. Um caminhão com três telas de LED circulava com mensagens como “Fuera, Bolsonaro”, “Don’t trust Bolsonaro” (não confie em Bolsonaro) e “Bolsonaro loves Trump” (Bolsonaro ama Trump).
A ação foi promovida por uma articulação de organizações brasileiras e internacionais que preferem não se declarar por motivos de segurança para os integrantes. O grupo diz temer represálias e violências a que ativistas estão sujeitos no Brasil.
Também foram feitas referências ao jornalista inglês Dom Phillips e ao indigenista Bruno Araújo Pereira, desaparecidos na região do Vale do Javari, na Amazônia.
Em nota divulgada à imprensa, a articulação de entidades escreveu que Bolsonaro leva para Los Angeles e para a Cúpula das Américas a “péssima reputação ambiental e seu desprezo pelas instituições democráticas”.
Redação ICL Notícias
Com informações das agências