O Banco Central (BC) passou de 1% para 1,7% a projeção de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) do País neste ano, segundo informação divulgada nesta quinta (23). A autoridade monetária também afirmou que a estratégia do BC é atingir um número ao redor da meta inflação em 2023, ou seja, menos de 4%. “Entendemos que precisamos atuar para que inflação seja abaixo de 4% em 2023”, explicou o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, durante entrevista coletiva.
Na ocasião, o diretor de Política Econômica do BC, Diogo Guillen, acrescentou que a expressão “ao redor” foi utilizada porque há incertezas em relação ao comportamento da inflação até o próximo ano e, por isso, o BC optou por não estipular um número a ser perseguido para o crescimento do PIB. “Determinar se é 0,1 ponto percentual ou 0,2 ponto percentual vai contra isso”, disse.
Campos Neto disse ainda que a estratégia do BC para o crescimento do PIB será reavaliada a cada reunião do Copom, e que o comunicado não é um “foward guidance“. “Não é um compromisso, é uma transparência de estratégia”, completou Guillen. Em março, projeção informada pelo Relatório Trimestral de Inflação (RTI) passava de 4,7% para 7,1% em 2022.
Durante a apresentação para o crescimento do PIB, feita por Guillen, a previsão do Banco Central para o crescimento da economia brasileira supera a divulgada pelo governo federal. Pelas projeções do Ministério da Economia, o PIB deve crescer 1,5% neste ano.
Guillen adiantou algumas informações que serão divulgadas no Relatório Trimestral de Inflação (RTI), que, por conta da greve dos servidores, só será publicado na próxima quinta-feira (30). O último relatório trimestral, com projeções da inflação, foi divulgado em março.
O Banco Central explica que aumentou a projeção para o crescimento do PIB em razão do resultado positivo do primeiro semestre do ano. O PIB é a soma de todos os bens e serviços produzidos no país e é o principal indicador usado para medir a evolução da economia.
De acordo com o BC, “a surpresa positiva no PIB do 1º trimestre e a previsão de nova alta no segundo elevam o carregamento estatístico para 2022”. Já para o segundo semestre deste ano, o Banco Central espera desaceleração da atividade econômica.
Para o economista do ICL André Campedelli, o Banco Central vai na direção oposta do que estão fazendo as principais instituições financeiras internacionais ao elevar a projeção do PIB do Brasil. “O resultado vem após o bom desempenho da economia no primeiro trimestre, porém, o cenário externo se encontra cada vez mais incerto. Os países europeus devem sofrer com uma forte desaceleração devido às medidas de controle inflacionário, e a economia norte-americana já teve resultado negativo no primeiro trimestre, que deve se aprofundar ainda mais com o cenário de aperto monetário. Elevar agora a perspectiva de crescimento parece ser algo um pouco otimista demais, visto que o mundo inteiro deve enfrentar um segundo semestre turbulento”, afirma Campedelli.
No primeiro trimestre, crescimento do PIB foi de 1%, segundo projeção do IBGE
A economia brasileira cresceu 1% nos primeiros três meses deste ano, pela análise do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). A partir do segundo semestre deste ano, o Banco Central espera desaceleração da atividade econômica.
Para o Banco Central, as incertezas, relacionadas à economia, permanecem maior do que a usual em razão da guerra na Ucrânia e dos riscos crescentes de desaceleração da economia global.
O BC avalia ainda que, pela ótica da oferta de produtos e serviços, destacam-se para o ano as altas nas previsões para indústria e serviços, refletindo, especialmente, o resultado no 1º trimestre e o esperado pelo segundo trimestre. O BC alterou a estimativa para a expansão da agropecuária de avanço de 2,0% para 2,2%, enquanto a revisão para a indústria foi de recuo de 0,3% para avanço de 1,2%. No caso dos serviços, o BC mudou a previsão de alta de 1,4% para 2,1%.
Já pelo lado da demanda, o BC destaca a projeção de alta no consumo das famílias e a projeção de recuo nos investimentos. O RTI informou alteração de 1,1% para 1,7% na expectativa de crescimento do consumo das famílias e de 2,3% para 1,8% previsão de alta do consumo do governo.
O documento desta quinta-feira (23) indica ainda que a projeção para 2022 da Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) – indicador que mede o volume de investimento produtivo na economia – passou de queda de 1,5% para recuo de 2,7%. Todas as estimativas anteriores constavam do RTI divulgado em março.
Na atualização parcial do Boletim Focus, divulgada pelo BC no dia 6 de junho, a projeção de PIB dos economistas consultados semanalmente pela autarquia estava em alta de 1,20%, enquanto a mediana para 2023 era de 0,76%.
O Banco Central estimou o hiato do produto do segundo trimestre de 2022 em -1,3%. Já o hiato no 4º trimestre de 2023 foi projetado em -1,7%.
O Banco Central promoveu ainda ajustes em suas projeções para o mercado de crédito em 2022. A instituição alterou sua projeção para o saldo total de crédito este ano de alta de 8,9% para elevação de 11,9%. Dentro do crédito total, a projeção do saldo de operações com pessoas físicas passou de alta de 11,2% para elevação de 14,4%. No caso das empresas, a expectativa foi de alta de 5,7% para 8,5%.
Já a projeção para o saldo de crédito livre – aquele que não utiliza recursos da poupança ou do BNDES – passou de alta de 13,0% para elevação de 15,2%. Dentro do crédito livre, a projeção para o crédito às pessoas físicas foi de alta de 13,0% para alta de 17%. No caso das pessoas jurídicas, foi mantida em elevação de 13,0%.
A projeção do BC para o saldo de crédito direcionado, que utiliza recursos da poupança e do BNDES, passou de alta de 2,8% para de 7,0%. Dentro do crédito direcionado, a projeção do saldo para as pessoas físicas foi de alta de 9,0% para avanço de 11,0%. No caso das pessoas jurídicas, a projeção passou de queda de 8,0% para estabilidade (0,0%).
O Banco Central atualizou também nesta quinta suas projeções para o balanço de pagamentos em 2022. A projeção para o resultado das transações correntes do País passou de superávit de US$ 5 bilhões para resultado positivo de US$ 4 bilhões. Já a projeção para o Investimento Direto no País (IDP) neste ano foi mantida em US$ 55 bilhões.
Em relação ao saldo líquido de investimento de estrangeiros em carteira – incluindo ações e títulos de renda fixa -, a projeção passou de superávit de US$ 11 bilhões para US$ 7 bilhões.
O Banco Central ainda atualizou a projeção da balança comercial, com previsão de superávit (exportações superando importações), passando de de US$ 83 bilhões para US$ 86 bilhões.
Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias