A arrecadação da Receita Federal, de janeiro a junho de 2022, alcançou o valor de R$ 174,3 bilhões, um aumento real de 9% acima da inflação ante o mesmo período de 2021, quando a arrecadação ficou em R$ 133 bilhões. O montante dá folga à situação fiscal do governo, que, com o valor arrecadado, já poderia ter incrementado os programas sociais há mais tempo, e não somente agora, às vésperas da eleição, como fez com o Auxílio Brasil.
Foi a segunda melhor arrecadação observada em um mês no ano de 2022, ficando atrás apenas de janeiro, quando o valor arrecadado foi de R$ 217,4 bilhões. “Isso mostra que a situação fiscal do governo continua confortável com a arrecadação. No entanto, somente agora foi escolhido, devido a razões eleitoreiras, realizar um gasto público mais expressivo, sendo que a situação mostrava essa possibilidade desde pelo menos o início do ano. Os valores recordes de arrecadação, acima da inflação inclusive, mostram que é totalmente possível realizar gastos acima do teto sem que haja um prejuízo nas contas públicas brasileiras”, explicam os economistas do ICL André Campedelli e Deborah Magagna.
A arrecadação da Receita Federal continua crescendo quando comparados aos valores obtidos entre os anos de 2022 e 2021, tanto em termos nominais quanto em termos reais. O valor da arrecadação de janeiro a junho de 2022 corresponde a uma alta nominal de 21,3% e real de 9% em relação ao mesmo período do ano anterior.
As receitas administradas por outros órgãos foram de R$ 4,16 bilhões em junho, gerando um montante de R$ 181 bilhões em receitas. No acumulado do ano até o momento, as receitas totais já alcançaram R$ 1,089 trilhões com a arrecadação, alta de 23,54% em termos nominais e de 11% em termos reais, quando comparadas ao mesmo período do ano anterior, no qual o volume havia chegado a R$ 881,9 bilhões.
Após a queda observada durante o mês de maio com a arrecadação, em junho houve novo aumento, de 31,05% em termos reais e de 17,12% em termos nominais.
Arrecadação previdenciária representa a maior fatia do montante recebido pela Receita
No acumulado do ano, as arrecadações previdenciárias foram as que mais renderam até o momento, totalizando R$ 261,2 bilhões, valor 6,52% maior do que o observado no ano anterior. Elas foram seguidas pela soma do imposto de renda de pessoa jurídica (IRPJ) com a contribuição social (CSLL), no volume de R$ 258,5 bilhões, percentual 21,5% maior do que o arrecadado ante o mesmo período do ano anterior; e pelo Cofins/PIS-Pasep, que gerou R$ 204,9 bilhões, valor 6% mais elevado que no ano anterior.
A maioria dos impostos arrecadados apresentou alta, com exceção do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), que caiu 8,26%; dos impostos sobre importação, que caíram 21%; do IRPF fora da folha de pagamento, que reduziu 0,93%; do IRPF de outros rendimentos, com baixa de 8,67%; e demais receitas, com queda de 10,5%.
De modo geral, a maior fonte de arrecadação do governo veio dos impostos que incidem sobre renda e propriedade, representando 43,56% do total; seguido pela arrecadação na folha salarial, com participação de 27,13%; dos impostos sobre bens e serviços, que representaram 24,99%; das transações financeiras, com participação de 2,77%; e de outras fontes, representando 1,56% de participação.
Desde o começo do governo Bolsonaro, a tendência é de um peso, cada vez maior, sobre a arrecadação de renda e propriedade em detrimento da arrecadação sobre a folha de salário. Isso é resultado da precarização do trabalho, em que menos pessoas têm contribuído com impostos retidos diretamente na fonte, devido à ausência de carteira de trabalho.
Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias e do Boletim “Economia Para Todos Investidor Mestre”, distribuído aos assinantes do Portal ICL