Pesquisa Datafolha mostra que sete em cada dez brasileiros estão em busca de alimentos mais baratos, até comprando produtos de menor qualidade, perto do vencimento ou fora dos padrões tradicionais, para economizar nas compras. Também um em cada três brasileiros afirma que a quantidade de alimentos em casa, nos últimos meses, não tem sido suficiente para o sustento da família.
É o que aponta pesquisa do Instituto Datafolha que ouviu 2.556 pessoas em 183 cidades, de forma presencial, na quarta (27) e quinta-feira (28). A pesquisa está registrada no TSE com o número BR-01192/2022 e tem margem de erro de dois pontos para mais ou menos.
Segundo o levantamento, 67% mudaram os hábitos de compra dos alimentos. São 61% os que foram em busca de marcas mais baratas e 29% os que compraram produtos próximos ao vencimento.
Dos entrevistados, 23% adquiriram pontas de frios e feijão partido, mesmo percentual dos que afirmam substituir o leite por soro de leite ou produtos feitos a partir desse insumo. Há ainda 20% que consumiram alimentos como sobras de frango, de carne ou pele de frango.
Entre as pessoas que recebem o Auxílio Brasil, 31% passaram a comprar alimentos como sobras de carnes, mesmo percentual dos que têm consumido soro de leite. São 36% tanto os que adquiriram produtos próximos ao vencimento como os que levaram para casa feijão partido e pontas de frios.
Ainda segundo o levantamento, o percentual de eleitores com comida menos que suficiente em casa passou de 26% em maio para 33% em julho. Outros 12% dizem que foi mais que suficiente, mesmo percentual nas duas pesquisas. Para 55%, a comida foi o suficiente queda em relação aos 62% de maio.
O percentual dos que não possuem comida suficiente é maior entre mulheres (37%), famílias com renda de até dois salários mínimos (46%), aqueles que se declaram pretos (40%) e no Nordeste (42%).
Entre os que declaram voto no ex-presidente Lula (PT), são 45% com comida insuficiente em casa, percentual que cai para 32% nos eleitores de Ciro Gomes (PDT) e 12% nos de Jair Bolsonaro (PL).
27% das famílias que recebem o Auxílio Brasil venderam bem ou objeto de valor para comprar alimentos mais baratos nos supermercados nos últimos meses
A pesquisa também mostra que 17% dos entrevistados estão em famílias que, nos últimos meses, venderam algum bem ou objeto de valor para comprar alimentos e itens básicos de supermercado. O índice vai a 24% entre os mais pobres, 27% para famílias que recebem o Auxílio Brasil e 32% entre desempregados.
A pesquisa Datafolha mostra que 56% dos eleitores afirmam que o valor máximo de R$ 600 para o auxílio é insuficiente, 36% classificam como suficiente e 7% avaliam o montante como mais do que suficiente. Entre os que recebem o benefício, 54% consideram o valor insuficiente, 38% avaliam como suficiente e 8% afirmam ser mais do que suficiente.
O aumento do valor é uma das apostas do governo federal para alavancar a candidatura Bolsonaro, que continua em segundo lugar na pesquisa, praticamente na mesma posição do levantamento anterior.
Questionados sobre o motivo para o governo oferecer o pacote de benefícios programado para acabar no final do ano, 61% dos eleitores afirmaram que o principal objetivo é ganhar votos para o presidente.
Dados sobre a inflação ao consumidor divulgados pelo IBGE mostram que o preço do leite disparou 41,8% de janeiro a junho deste ano. O produto é vendido por mais de R$ 7,00 em alguns supermercados. Já o soro de leite era vendido por cerca de R$ 5,00.
Também em busca de alternativa diante da disparada dos preços, supermercados nas periferias de São Paulo têm comercializado itens como feijão fora do tipo, pontas de frios, bandejas com restos de queijo e presunto, carcaça e pele de frango.
Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias