Grandes países produtores agrícolas, com Brasil e Estados Unidos, se desentendem a respeito de sanções aos fertilizantes russos em meio a preocupações de que a alta dos preços dos insumos possa aumentar a inflação de alimentos.
Em nome da segurança alimentar, o Brasil — maior exportador mundial de soja, café e açúcar e maior importador de fertilizantes — quer excluir os nutrientes agrícolas das sanções. Os fertilizantes são essenciais para o agronegócio que sustenta o governo Bolsonaro.
Vale ressaltar que nenhum outro país depende mais de fertilizantes importados do que o Brasil, que compra mais de 85% dos nutrientes de fora. As importações respondem por mais de 90% das necessidades de potássio e nitrogênio. A Rússia, principal fornecedora, e Bielorrusia, que também está sob sanções econômicas, em conjunto respondem por 28% do total.
Os Estados Unidos também importam fertilizantes, trazendo potássio do Canadá para cobrir quase todas as suas necessidades. Cerca de um terço do nitrogênio usado nos EUA vem do exterior, principalmente do Oriente Médio e da Rússia. Os fertilizantes fosfatados vêm da Arábia Saudita e da Austrália.
O Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) tenta atenuar o impacto dos custos mais altos por meio de medidas que possuem reduzir o uso de nutrientes.
Sem solução, no curto prazo, para o fornecimento dos fertilizantes, as agências internacionais Reuters e Bloomberg informam que o secretário de Agricultura dos EUA, Tom Vilsack, durante um evento virtual organizado na quarta-feira pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (conhecida pela sigla em inglês FAO), explicou que são necessário sacrifícios para o enfrentamento de uma guerra injustificada que a Rússia decidiu começar.
Do lado do Brasil, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, tem participado de uma série de reuniões com autoridades de países produtores de fertilizantes para assegurar o abastecimento para os agricultores brasileiros. A Canpotex, joint venture que comercializa potássio da Nutrien e da Mosaic fora da América do Norte, pretende ampliar as vendas para o Brasil.
Representantes de nações que integram o Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) apoiaram a proposta do Brasil durante a reunião ontem (16), incluindo Uruguai e Paraguai. Vilsack estava representando produtores da América do Norte.
Com informações das agências Reuters e Bloomberg
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