A pesquisa “Branding Brasil”, divulgada pelo G1, mostra que a maioria da população entre 16 e 35 anos moraria em outro país se pudesse. A pesquisa foi realizada pela agência de branding Ana Couto e entrevistou 2.500 pessoas entre 10 e 30 de junho em todas as regiões do País. Também analisou mais de 600 mil tuítes brasileiros para avaliar a percepção atual da população sobre o país e a “marca Brasil”. Uma das constatações é de que os jovens brasileiros possuem uma visão muito mais pessimista do que a população mais velha.
Os jovens desempregados são os mais atingidos pela falta de política pública, segundo pesquisa do IBGE, com o agravante de que, para quem consegue uma vaga, o rendimento é bem mais baixo que a média brasileira. Segundo os dados do IBGE, as taxas de desemprego mais altas são as dos grupos de 18 a 24 anos (19,3%) e de 14 a 17 anos (33,3%) – bem acima da taxa geral atual de 9,3%.
Em julho, em conversa com seus apoiadores no “cercadinho” do Palácio da Alvorada, em Brasília, ao responder críticas de jovens desempregados sobre falta de emprego, o presidente Bolsonaro, em tom de ironia, disse: “A culpa é do governo. Cadê o meu emprego?”. E ainda acrescentou: “Você tem que correr atrás. Eu não crio emprego. Quem cria emprego é a iniciativa privada. Eu não atrapalho o empreendedor”.
Entre jovens brasileiros, de 16 a 20 anos, 56% não acreditam que o Brasil é o lugar ideal para viver e 55% responderam que morariam em outro país se pudessem. Já entre a população com mais de 55 anos, 35% deixariam o Brasil caso fosse possível escolher. Apenas 33% dos brasileiros avaliam como “excelente” o custo-benefício de morar no país. São os jovens brasileiros, porém, os mais críticos.
Na faixa etária entre 16 e 20 anos, 44% disseram não se identificar muito com o Brasil. A avaliação dos jovens é que tem países melhores para se viver, com o custo de vida melhor e com infraestrutura melhor.
Jovens brasileiros não se identificam com os símbolos da pátria, que foram usurpados pela extrema-direita
Embora a situação econômica do país tenha um peso significativo no elevado percentual de jovens com vontade de deixar o Brasil, também chama a atenção o menor grau de identificação com o país e os símbolos da pátria. Enquanto 83% da população acima de 55 classifica a bandeira nacional como o símbolo máximo do país, por exemplo, entre os mais jovens esse índice cai para 62%. Parte da população afirma não usar mais as cores do Brasil no dia a dia, e que 58% sentem saudade de usar algo com as cores da bandeira nacional.
A pesquisa mostra que a maioria da população considera o Brasil um país isolado, desunido e que muda de rumo a todo momento. Apenas 48% acreditam que o Brasil gera impacto muito positivo no mundo e apenas 44% avaliam que o país contribui para melhorias na sociedade.
Há, no entanto, uma clara distinção entre a imagem do Brasil e do brasileiro: 61% acreditam que ser brasileiro é um privilégio; 73% concordam que a cultura brasileira é muito rica; 65% declaram que o brasileiro consegue se reerguer após qualquer dificuldade; e 71% avaliam que o brasileiro é capaz de qualquer coisa quando se une. Ou seja, na percepção da população, o brasileiro continua sendo o melhor do Brasil.
Entre as qualidades positivas que melhor descrevem o brasileiro foram apontadas o fato de sermos um povo festeiro, alegre, acolhedor, criativo, trabalhador e forte. Quanto maior a escolaridade e a renda, porém, maior a percepção de alegria como a principal característica positiva: 65% classe A x 51% classes D e E.
Já as características negativas que melhor descrevem o Brasil e os brasileiros foram: malandro, oportunista, aproveitador e desonesto.
A pesquisa também buscou identificar vantagens e potenciais para o Brasil assumir uma posição de maior protagonismo no mundo e para inspirar um pouco mais os brasileiros. Para 65% dos entrevistados, o Brasil tem tudo para ser a maior potência ecológica do mundo. O potencial de exportar riquezas e matérias-primas foi apontado por 61%, e 58% acreditam que o Brasil é uma potência artística em todos os setores.
Redação ICL Economia
Com informações do G1