Bolsonaro tenta se esquivar de responsabilidade e ironiza jovens desempregados: “Tem que correr atrás”

Atualmente, os jovens são os mais atingidos pelo desemprego, pelos baixos salários e informalidade
22 de julho de 2022

O presidente Jair Bolsonaro ironizou a situação de jovens desempregados no país, na quinta-feira (21), em conversa com seus apoiadores no “cercadinho” do Palácio da Alvorada, em Brasília, ao dizer que eles deveriam “correr atrás”, porque o governo não cria empregos. Mais uma vez, o presidente não demonstra empatia com os problemas que afetam a população e foge de suas responsabilidades enquanto governante.

Respondendo a críticas de jovens desempregados sobre falta de emprego, o presidente, em tom de ironia, disse: “A culpa é do governo. Cadê o meu emprego?”. E ainda acrescentou: “Você tem que correr atrás. Eu não crio emprego. Quem cria emprego é a iniciativa privada. Eu não atrapalho o empreendedor”.

A questão dos jovens desempregados no país não ocorre porque as pessoas não procuram ocupação. Trata-se de um problema que passa pelas políticas econômicas e sociais ou pela falta delas. Durante seu mandato, o governo Bolsonaro não criou nenhuma medida efetiva para minorar esse problema e, a despeito de pesquisas mostrarem que houve crescimento no número de vagas formais criadas, o fato é que o mercado de trabalho brasileiro está bastante precarizado e a renda do trabalhador cada vez menor.

Atualmente, os jovens desempregados são os mais atingidos pela falta de política pública, segundo pesquisa do IBGE, com o agravante de que, para quem consegue uma vaga, o rendimento é bem mais baixo que a média brasileira.

Jovens desempregados: taxa de desocupação é o dobro da média brasileira

De acordo com a pesquisa, a taxa de desocupação entre  a população de 18 a 24 anos (jovens desempregados) no primeiro trimestre de 2022 fechou em 22,8%. Já o número geral é de 9,8% (10,6 milhões de pessoas). Portanto, a taxa de desocupação para quem tem essa faixa etária é o dobro da média brasileira. De janeiro a março, de cada dez jovens, pelo menos dois não conseguiam emprego.

Ainda segundo o instituto, quem tem de 18 a 24 anos recebe, em média, R$ 1.452 por mês. É praticamente metade da renda média do brasileiro.

Mesmo com um dos supostos feitos da gestão Bolsonaro na criação de empregos – Lei da Liberdade Econômica, sancionada em 2019 –, o resultado é que o índice de informalidade só aumenta e mantém jovens desempregados. No primeiro trimestre deste ano, a informalidade atingiu 40,1% – 39,1 milhões de pessoas, e os desalentados – que desistiram de buscar trabalho – representam 4,3 milhões.

O presidente Jair Bolsonaro parece se esquecer que o poder público tem de zelar pela criação de emprego para os jovens e promover a qualificação por meio de um ensino de qualidade.

Embora tente carregar nas tintas sobre o mercado de trabalho, a Pesquisa Industrial Anual (PIA) Empresa, divulgada ontem pelo IBGE, mostra que o setor industrial perdeu 9,6 mil empresas e um milhão de empregos em uma década.

Conforme o levantamento, de 2011 a 2020, o setor industrial perdeu 9.579 empresas, ou 3,1% do total, além de 1,0 milhão de empregos (-11,6% do total), sendo 5.747 vagas nas indústrias extrativas e 998.200 nas de transformação. Já de 2019 e 2020, o setor perdeu 2.865 empresas (-0,9%), mas a população ocupada cresceu 0,5%, ou mais 35.241 pessoas ocupadas.

Das atividades analisadas, a indústria alimentícia lidera com 24,1% de participação e aumento de 5,9 p.p. em 10 anos, dos quais 3,6 p.p. foram entre 2019 e 2020. Por sua vez, a indústria automotiva perdeu 4,9 p.p. em 10 anos, passando de 12,0% para 7,1% no período, enquanto a participação da fabricação de produtos químicos saltou de 8,8% para 10,5%, saindo da quarta para a segunda posição, em uma década.

Em 2020, o país tinha 303,6 mil indústrias com uma ou mais pessoas ocupadas, sendo 6,3 mil indústrias extrativas e 297,3 mil indústrias de transformação. Essas empresas geraram R$ 4,0 trilhões de receita líquida de vendas (R$ 274,6 bilhões na indústria extrativa e R$ 3,7 trilhões na indústria de transformação) e pagaram R$ 308,4 bilhões em salários, retiradas e outras remunerações.

Da Redação do ICL Economia

Com informações de agências de notícias

 

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