O presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição, disse uma série de mentiras na bancada do Jornal Nacional, na noite desta segunda-feira (22), ao participar da sabatina com os postulantes à vaga no Palácio do Planalto. Uma delas é sobre o suposto “prejuízo” de bancos e instituições financeiras após o surgimento do Pix.
“Criamos o Pix tirando dinheiro de banqueiros”, declarou o presidente. Bolsonaro encampou essa tese em seu discurso quando a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) subscreveu a carta em favor da democracia elaborada pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). Por isso, ele estaria sendo perseguido por empresários do sistema financeiro.
O Pix foi oficialmente lançado em outubro de 2020, ou seja, durante o primeiro ano do governo Bolsonaro. No entanto, ainda em 2016, o então presidente do Banco Central (BC), Ilan Goldfajn, já anunciava planos de criar uma ferramenta para transações bancárias instantâneas e gratuitas.
O ex-ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, afirmou que durante o governo de Dilma Rousseff (PT) houve movimentações para viabilizar o Pix. A ferramenta, portanto, não foi uma iniciativa do governo Bolsonaro. Além disso, o Pix não tirou dinheiro dos bancos. Sem agências, os bancos gastam menos com segurança e para movimentação do dinheiro em papel. A transferência gratuita colabora para essa economia.
Recentemente, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, desmentiu Bolsonaro e disse que não é verdade que os bancos perdem dinheiro com o Pix, e que, inclusive, a instituição, em algum momento, vai soltar um tipo de estudo sobre o assunto. “Você tem uma perda de receita em transferência, mas por outro lado novas contas são abertas, novos modelos de negócio são gerados, você retira dinheiro de circulação, que é um custo enorme para o banco, você aumenta a transação, o transacional aumenta”, disse Campos Neto, em evento da Febraban.
Pix é um projeto para bancos
O economista Eduardo Moreira explicou no ICL Notícias de hoje (23) que o Pix “é um projeto para os bancos”, já que acabou com a possibilidade de o cidadão transferir dinheiro por meio de outros aplicativos, como o WhatsApp, o que favoreceria uma competição saudável, de acordo com Moreira.
Ao contrário do que diz Bolsonaro, o setor bancário nunca ganhou tanto como neste governo. Só em 2021, as quatro maiores instituições financeiras do país (Banco do Brasil, Bradesco, Itaú e Santander) lucraram R$ 81,6 bilhões, segundo dados tabulados pela Economatica. Esse é o maior valor registrado na história.
Em 2020, ano em que a economia brasileira encolheu 3,9% por conta dos impactos da pandemia, esses bancos lucraram, juntos, outros R$ 61,6 bilhões. Já em 2019, primeiro ano do governo Bolsonaro, o lucro somado das quatro instituições foi de R$ 81,5 bilhões.
A arrecadação dos bancos segue crescendo. No primeiro trimestre de 2022, foram outros R$ 24,3 bilhões em lucro para BB, Bradesco, Itaú e Santander – recorde trimestral. Comparado com o mesmo período de 2021, houve um crescimento de cerca de 30%.
O crescimento do lucro dos bancos, em parte, se deve ao aumento de pessoas utilizando serviços das instituições financeiras. Esse número também cresceu durante o governo Bolsonaro. Em 2019, 164,8 milhões de brasileiros tinham conta em banco. Em dezembro de 2021, esse número chegou a 182,2 milhões, segundo o BC.
A estrutura que os bancos mantêm para atender todos esses clientes, no entanto, está diminuindo desde 2017. Em 2016, as quatro instituições tinham 23,4 mil agências. O ano passado terminou com 18,3 mil agências abertas.
Bolsonaro: preço dos combustíveis
“Hoje você nota, o preço do combustível caiu assustadoramente, nada de canetada, um trabalho nosso junto ao Parlamento brasileiro”, disse Bolsonaro no Jornal Nacional. No entanto, foi apenas após sucessivos aumentos que a Petrobras informou redução nos preços do diesel e da gasolina
As quedas nos preços dos combustíveis de fato aconteceram, mas depois de aumentos muito superiores registrados entre janeiro e julho de 2022, período em que o diesel subiu 67%. O combustível começou 2022 vendido a R$ 3,34 por litro nas refinarias e atingiu R$ 5,61 em junho. Neste mês, desceu a R$ 5,41 e, agora, para R$ 5,19. Ainda assim, está mais caro do que em maio: R$ 4,91.
Foram pelo menos quatro anúncios de redução no preço de combustíveis nos últimos dois meses. Em julho, a Petrobras baixou a gasolina duas vezes em menos de dez dias. Neste mês, a empresa anunciou duas quedas no preço do diesel.
Com informações do Brasil de Fato