Em entrevista ao programa WW, comandado por Willian Wack, na CNN Brasil, o candidato da coligação Brasil da Esperança à Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), afirmou nesta segunda-feira (12), que o combate à fome e a criação de empregos serão prioridades do seu governo, caso vença as próximas eleições. Nesse sentido, ele afirmou que pretende reativar o investimento público no país, retomando o programa Minha Casa Minha Vida, além de obras inacabadas do PAC.
“Vamos fazer investimentos para que a economia volte a funcionar, gerando emprego. As pessoas não querem viver de benefício o tempo inteiro. Elas querem trabalhar. O que dá orgulho ao ser humano é trabalhar, e no final do mês receber o seu salário e levar comida para a sua casa”, afirmou o ex-presidente.
Ao citar a fome que atinge 33 milhões de brasileiros, Lula destacou como “necessidade primária” do país “dar comida para esse povo”. Do mesmo modo, citou que as pessoas “não podem viver de esmola”. “Vamos gerar empregos como da primeira vez, quando foi gerado 20 milhões de empregos com carteira profissional assinada”, frisou.
O ex-presidente voltou a criticar o aumento da informalidade durante o governo Bolsonaro. Disse que pretende rever a atual legislação trabalhista, mas sem “voltar ao passado”. “A gente quer adequar o direito dos trabalhadores à realidade econômica de hoje. As pessoas não podem trabalhar sem descanso semanal remunerado, sem férias e seguridade social. O que nós queremos é um país civilizado”.
Críticas de Lula a Bolsonaro
Em vários os momentos Lula criticou Bolsonaro, a quem classifica como como resultado da “antipolítica”. Ele afirmou que “as coisas começaram a mudar”, no Brasil, quando Aécio Neves não aceitou o resultado das eleições em 2014. E depois, com o golpe do impeachment contra a ex-presidenta Dilma Rousseff, abrindo espaço para a negação da política.
Lula foi confrontado com os casos de corrupção na Petrobras. Mas destacou que, durante o seu governo, fortaleceu órgãos de controle, como a Polícia Federal e o Ministério Público, e criou mecanismos de transparência dos gastos públicos. E comparou com o atual governo, que impõe “sigilo de cem anos” em escândalos de corrupção. “Hoje você vê um presidente não explicar para a sociedade porque ele gastou R$ 26 milhões para comprar 51 imóveis pagando em dinheiro. No meu tempo, nada ficava sem se investigar.”
Relação com o Congresso
Lula afirmou que, se eleito, aposta na renovação política e no diálogo com o Congresso o para retomar as atribuições do Poder Executivo. “Você vai ter que conversar e dizer que não pode ter Orçamento Secreto. E que não vai permitir que o Congresso seja o dono do Orçamento, quando tem que ser do Executivo. O Congresso vota o Orçamento, mas quem executa é o presidente”.
O ex-presidente também acusou Bolsonaro de ter “legalizado” o tráfico de armas, e assim, fortalecendo o crime organizado. “Ele pensa que quem está comprando arma é o coroinha da igreja, é o pastor”, ironizou o petista. “Não, quem está comprando armas é o crime organizado“.
Ele também criticou os métodos utilizados pela Lava Jato, que levou à destruição as diversas empresas da construção civil, da indústria naval e do setor de óleo e gás. E citou estudo elaborado pelo Dieese a pedido da CUT que mostra que a Lava Jato contribuiu para eliminar 4,4 milhões de empregos no Brasil.
Por outro lado, disse ainda que muitos delatores da Lava Jato foram soltos e ficaram ricos. E criticou o ex-juiz Sergio Moro. “O processo de investigação poderia ter sido mais sério, se o juiz não fosse o pilantra que foi, e não tivesse transformado a Lava Jato numa questão política”.
Agro, MST e meio ambiente
Perguntado sobre a resistência de setores do agronegócio à sua candidatura, Lula destacou que o seu governo refinanciou dívidas do setor e garantir crédito barato para o acesso a máquinas agrícolas. Segundo ele, tem muita gente que sabe que tem que produzir respeitando o meio ambiente. Mas também disse conhecer pessoas “irresponsáveis” no setor. “O problema conosco é que eles sabem que no governo do PT não vai ter desmatamento na Amazônia“.
Disse ainda que esse setor apoia Bolsonaro, porque o atual presidente prometeu combater as invasões de terras. Lula afirmou que o foco dos Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST) hoje é produzir nos assentamentos que conquistou. “Disponibilizamos 52 milhões de hectares para fazer assentamento durante o nosso governo. Os sem-terra estão produzindo, criando muitas cooperativas, e produzindo bem”, elogiou.