O número de vagas ocupadas cresceu 9,9% entre o segundo trimestre de 2021 e o de 2022. Atingiu níveis anteriores à pandemia, mas as características desse aumento mostram outro perfil do mercado de trabalho, segundo o boletim do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) . São, principalmente, vagas que exigem menos escolaridade e que pagam menos. Para o instituto, isso demonstra que, neste momento, o mercado acentua sua precarização, ampliando postos de trabalho com rendimento e proteção social menores.
O aumento da escolarização da população, visto na última década, tem sido pouco aproveitado pelo mercado de trabalho nessa retomada da atividade econômica. E, no País da pouca valorização do estudo, até o conceito de empreendedor está sendo distorcido. O que se observa é o desespero econômico que faz com que muitos optem pelo trabalho autônomo.
A ocupação cresceu menos entre diretores e gerentes (3,0%) e profissionais das ciências e intelectuais (3,4%), que, em geral, são atividades que exigem diploma de nível superior. Entre o número de vagas com superior completo, o crescimento das ocupações consideradas típicas (1,3%), como diretores e gerentes ou profissionais das ciências e intelectuais, foi bem inferior ao das não típicas (6,7%). Ou seja, o aumento tem sido puxado por ocupações que não requerem formação superior.
O grupamento ocupacional com a maior expansão foi o de trabalhadores dos serviços, vendedores dos comércios e mercados (17,9%), seguido pelos operadores de instalações e máquinas e montadores(15,8%).
Segundo estudo do Dieese, o número de vagas pouco complexas, com perda de rendimento, revela um mercado de trabalho empobrecido e com poucas perspectivas de ascensão para os trabalhadores
“A ocupação, portanto, tem crescido, apesar da retomada lenta da atividade econômica pós-pandemia, mas a expansão ocorre em posições que exigem menos qualificação formal”, afirma o Dieese, em boletim divulgado nesta terça-feira (13). “O mercado de trabalho vai se precarizando não somente no estabelecimento de vínculos de trabalho sem proteção trabalhista ou social, mas também por meio da geração de empregos pouco complexos e pela perda de rendimentos.” Dessa forma, aponta o instituto, a situação “revela um mercado de trabalho empobrecido e com poucas perspectivas de ascensão para os trabalhadores”.
Em relação ao rendimento médio, os ocupados com ensino superior foram os que tiveram maior perda nesse período (-5,6%). Perda maior, inclusive, que a média geral, de -4,7%. O grupo de trabalhadores sem instrução ou com menos de um ano de escolaridade tiveram ganho de 3,2%. “Entre aqueles que possuíam ensino superior completo, o rendimento médio aumentou somente em três grupos ocupacionais, enquanto em outros sete houve redução”, informa o Dieese.
No segundo trimestre, o país estava com 98,3 milhões de ocupados, ante 94,2 milhões em igual período de 2021. Em 12 meses, o grupo que mais cresceu foi o de trabalhadores dos serviços, vendedores dos comércios e mercados (17,9%). E o que menos aumentou foi o de diretores e gerentes (3%).
Ainda nessa comparação com o segundo trimestre do ano passado, foram 749 mil ocupações a mais no ensino superior. Mas de apenas 160 mil pessoas nas chamadas ocupações típicas. E quase 80% (78,6%), ou 589 mil, no que o Dieese chama de emprego em funções não típicas. Entre estas, chama atenção do Dieese o crescimento de 16,4% no número de balconistas e vendedores de lojas e de 6,8% no de vendedores a domicílio. As duas somam 567 mil pessoas com ensino superior completo.
No segundo trimestre, os ocupados com ensino médio completo aumentaram 12,5% e os que tinham ensino superior, 3,6%. Já aqueles sem instrução ou com menos de um ano de estudo tiveram alta de 31,4%. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, do IBGE.
Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias