O Federal Reserve (FED) anunciou a sua decisão de política monetária nesta quarta-feira (21) com a elevação da taxa de juros em 0,75 ponto percentual, para uma faixa de 3% a 3,25%, em linha com a média das previsões do mercado. Este foi o terceiro aumento dessa magnitude e a quinta alta seguida da taxa este ano. No comunicado, a autoridade monetária antecipou que novos ajustes na taxa de juros devem acontecer.
“Indicadores recentes apontam para um crescimento modesto nos gastos e na produção. Ganhos no mercado de trabalho têm sido robustos nos últimos meses e a taxa de desemprego permaneceu baixa. A inflação continua elevada, refletindo os desequilíbrios de oferta e demanda relacionados à pandemia, preços mais altos de alimentos e energia e pressões de preços mais amplas”, diz o comunicado do Fed.
A autoridade monetária também citou fatores externos. “A guerra da Rússia contra a Ucrânia está causando enormes prejuízos humanos e dificuldades econômicas. A guerra e eventos relacionados a ela estão criando uma pressão ascendente adicional sobre a inflação e estão pesando sobre a atividade econômica global. O Comitê está bastante atento aos riscos inflacionários”, diz o texto.
A média das projeções dos dirigentes do Fed apontam para taxa de juros em 4,4% ao final de 2022. Para o final de 2023, a projeção média é de juros em 4,6%. Para o final de 2024, a projeção é de 3,9% e de 2,9% ao final de 2025.
A mediana das projeções para o Produto Interno Bruto também caiu drasticamente. Em junho, os dirigentes do Fed projetavam crescimento de 1,7% para a economia americana em 2022. Agora, preveem um leve avanço, de 0,2%. Para 2023, a projeção caiu de 1,7% para 1,2% e em 2024 foi de 1,9% para 1,7%.
As projeções também apontam para a continuidade da taxa de desemprego em níveis baixos este ano, indo de 3,7% para 3,8%. Em 2023, a expectativa para a taxa subiu de 3,9% para 4,4%. Para 2024, a mediana das projeções para taxa de desemprego foi de 4,1% para 4,4%.
A volta da inflação para o centro da meta parece mais distante. A mediana das projeções para o índice IPC ao final de 2022 passou de 5,2% para 5,4%. Em 2023, foi de 2,6% para 2,8%. E para 2024, de 2,2% para 2,3%.
Aumento da taxa de juros nos EUA tem impacto global
Além de subir os juros para enfrentar a inflação, os EUA vêm se preparando para uma recessão econômica cada vez mais provável, possivelmente a partir de meados de 2023. Na avaliação de economistas, diante da contração da maior economia do mundo, os Estados Unidos, países emergentes como o Brasil devem se preparar para um cenário hostil a partir do ano que vem – justamente quando um novo mandato presidencial terá início, em 1º de janeiro.
A alta da taxa de juros nos EUA causa impacto global, inclusive para a economia no Brasil. Por aqui, os ativos brasileiros se tornam menos atrativos aos investidores estrangeiros. E, assim, menos capital disponível. O maior volume de investimento nos EUA leva à valorização do dólar em relação a outras moedas, especialmente àquelas dos países emergentes, como o Real no Brasil.
Diante da alta da taxa de juro nos Estados Unidos, o economista e fundador do portal ICL, Eduardo Moreira, explica que “o Brasil passa a ser menos interessante para os especuladores, os chamados rentistas, que vivem só de renda. O impacto é na moeda do país. Este é o principal motivo para fazer o dólar subir”, diz Moreira.
Redação ICL Economia
Com informações da Infomoney